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sábado, 24 de abril de 2010

Anatomia funcional equina

Introdução:

A anatomia é a ciência que estuda a morfologia (forma geral de seres ou coisas), já a anatomia funcional é a ciência que estuda as estruturas relacionando-as com suas funções. A partir dos conhecimentos anatômicos e funcionais podemos entender e estabelecer relações entre partes do animal e a mobilidade do mesmo dentro de suas diversas utilizações.

Se você possui, estuda ou somente aprecia eqüinos, é muito importante que você compreenda as diversas partes básicas da anatomia do cavalo, com intuito de ter um aproveitamento satisfatório do animal, e conhecer seus limites e necessidades na hora da monta ou quando houver qualquer tipo de alteração. É necessário ter esse conhecimento básico, que você pode adquirir por estudos próprios ou com auxílio de um médico veterinário.

A anatomia funcional do eqüino, inicialmente, é de suma importância para a escolha do animal de acordo com a finalidade de utilização do mesmo. Ela pode variar de acordo com a modalidade esportiva, raça e tipo de esforço físico. Quando dizemos que pode variar, não estamos afirmando que ela mude de um animal para outro, porém, existem variações na deposição muscular, peso, inserção de membros, aprumos e conformação.

A avaliação anatômica se dá através de exames minuciosos da parte externa do animal e do conhecimento do assunto e seus variantes. A partir do conhecimento desses parâmetros, podemos não só avaliar, mas também identificar possíveis alterações que fogem da normalidade. Qualquer variação considerada prejudicial existente no animal pode levá-lo à exclusão do plantel, da atividade esportiva e até prejudicar sua identificação racial dentro de associações responsáveis pelo registro do mesmo.



Origem e evolução:

Para se conhecer bem uma determinada espécie é necessário se estudar tudo sobre ela, mesmo que se garimpe a cada dia em textos antigos, históricos, religiosos e científicos para que se remonte a cronologia do cavalo. É uma das poucas espécies que possui sua filogenia conhecida, o Equus caballus (o cavalo) que tem reconhecimento da Paleontologia, pela sequência de sua ancestralidade conhecida pelos cientistas. O mais remoto ancestral do cavalo é o Eohippus, encontrado no Eoceno inferior, (alguns autores também chamam Hiracoterium), que era um pequeno mamífero com aproximadamente 40 cm que possuía quarto dedos nos membros anteriores e três dedos nos posteriores, era faunívoro (carnívoro) e apresentava uma dentição que demonstrava essa característica, isto, há cerca de 40 milhões de anos.

O Eohippus foi evoluindo, chegando ao Mesohippus que possuía três dedos em cada membro, porém, já com a sustentação em um dedo central, medindo cerca de 80 cm, tendo sido encontrados fósseis na América, há 30 milhões de anos.

O tipo que se seguiu foi o Miohippus, no período conhecido como o Mioceno, já com aproximadamente 1 m de altura e algumas alterações dentárias, principalmente no aparecimento dos molares e desaparecimento (desuso) dos caninos, como também, já fazia a sustentação com o dedo central, tendo os dedos laterais já reduzidos e vivendo em campos abertos. Foram encontrados esses ancestrais do cavalo na África e Europa há 20 milhões de anos.

Dois ancestrais seguem a linha filogenética há 10 milhões de anos, o Hiparium, que viveu na América, África e Ásia e que deu origem aos Jumentos, Hemionos e Zebras e o Pliohippus no Piloceno que seguiu para originar o cavalo.

No Pleistoceno (cinco milhões de anos atrás) o cavalo toma a forma atual, tendo ainda uma forma intermediária, o Plessihippus com dedo funcional e 1,20 m de altura.

A filogenia do cavalo, por ter sido arduamente estudada, não tem aceitado divergências de alguns antigos pesquisadores, pois, com o advento da pesquisa paleontológica através do DNA e do DNA mitocondrial, é impossível elaborar hipóteses que não sejam bem estudadas. Nós, que cremos em uma origem poligênica, reconhecemos que atualmente é bem aceito, que três formas surgiram do Plessihippus ou Plessippus, que são: o cavalo da floresta ou Equus caballus fossilis; o tarpã, Equus caballus gmelini e o cavalo Prezewalski ou Equus caballus prezenwalski e daí a forma atual do Equus caballus, o nosso cavalo doméstico.



Inserções e conformação:

O exercício da conformação hoje em dia é muito exigente quanto às condições corpóreas do animal. Animais são avaliados de acordo com suas dimensões, inserções e padrões raciais (que podem variar não só de acordo com raça, mas também variam com finalidade de utilização e modalidade praticada).

Dentre todas essas diferenças, alguns parâmetros são levados em consideração para que haja a perfeita avaliação do animal, como exemplo podemos citar: angulação dos membros e seus componentes, angulação e inserção de garupa, arqueação de costela, comprimento da anca, inclinação de paleta, inclinação do casco, comprimento do pescoço e seu tamanho com relação ao da cabeça.



Membros:

São fundamentais para a sustentação, equilíbrio e condução do cavalo. Por se tratar de um animal pesado os membros devem ser fortes e resistentes a todo tempo, até porque eqüinos comumente dormem de pé.

Os membros torácicos são responsáveis pela estabilização das forças que se originam na musculatura dos membros pélvicos durante a locomoção para frente.

Os membros pélvicos não possuem apenas a tarefa de deslocar o corpo para frente, mas também servem para mantê-lo de pé e sustentá-lo. Seu posicionamento e musculatura abundante permitem ao animal arranques rápidos, controle na velocidade e propulsão (por exemplo, podemos citar o movimento exercido por cavalos de salto). Neles estão presentes estruturas fibrosas que possibilitam a estabilização das articulações do animal em estação com um mínimo dispêndios de energia. Os cavalos que precisam ficar de pé por um tempo mais prolongado transferem, alternadamente, o peso de um membro pélvico para outro.



Ossos:

A cartilagem e os ossos assumem a missão de sustentar e assegurar a locomoção do corpo e desempenham uma destacada função na proteção das partes moles do tórax e da região pélvica, bem como do sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal). Os ossos exercem adicionalmente o papel de órgãos formadores do sangue (medula óssea vermelha, hematopoiese) e fazem parte do depósito de material mineral do corpo.

Duas funções importantes são atribuídas aos ossos: uma de apoio, ou seja, de proteção, e uma função metabólica. Em uma correlação estreita, ambas determinam cada pormenor ósseo e, a partir disso, formam toda a arquitetura corpórea. A construção óssea ajusta-se, por meio do trabalho metabólico, ao mecanismo estático exigido. Essa acomodação tem a função de expressar a construção alternativa de um osso.

Cada osso se submete, sempre, a procedimentos adaptativos de remodelação. Modificações fisiológicas nas forças de pressão, de tração e de compressão ocasionam, em um curto espaço de tempo, a reconstrução do tecido ósseo. As extremidades, as vértebras ou os ossos coxais estão sujeitos a alterações mais intensas, bem como, por exemplo, os ossos do crânio. Forças mecânicas atuam de modo fisiológico sem cessar, a fim de proporcionar um aumento da resistência da parede óssea, principalmente na carga de peso no meio do segmento de um osso, a diáfise. Nas extremidades ósseas – as epífises -, a resistência das paredes diminui.

A função do osso também é influenciada por sua cobertura conjuntiva, o periósteo, por meio de suas duas partes, uma externa fibrosa (Stratum fibrosum) e uma interna, mais rica em células osteogênicas (Stratum cambium). O periósteo rodeia completamente os ossos em todos os sentidos, com exceção da cartilagem articular e dos numerosos locais de inserção muscular. A camada osteogênica contém um grande número de feixes de fibras sensíveis nervosas e uma densa rede de vasos sanguíneos e linfáticos, para aumentar a atividade metabólica dos ossos. Essa camada está sempre em condições de formar novos tecidos ósseos. Nesse sentido, ela privilegia o crescimento ósseo e todas as atividades fisiológicas de remodelação e de reconstrução óssea em casos de fraturas (regeneração). Essa camada osteogênica forma o calo cartilaginoso e o calo ósseo, e o estímulo mecânico no periósteo permite a formação de uma exostose, um “sobreosso”.

Uma função de destaque dos ossos é o depósito de cálcio e fósforo. Assim, na substância esponjosa de numerosos ossos, há um depósito de cálcio “móvel” que, em casos de necessidade, é liberado rapidamente no sangue para a manutenção das funções vitais do organismo. Mecanismos regulatórios endógenos e exógenos contribuem na elaboração desse metabolismo.



Musculatura e movimento:

No desenvolvimento natural do fenômeno do movimento, vários músculos estão sempre envolvidos ao mesmo tempo ou alternadamente. Os músculos que atuam no mesmo sentido são sinérgicos, e os que atuam em sentidos opostos são antagônicos. Durante o fenômeno do movimento, podem ser diferenciados um ponto fixo e um ponto móvel. Nesse caso, o ponto fixo representa a parte que, via de regra, permanece imóvel em relação a uma base firme ou ao tronco do corpo. O ponto móvel é, em razão da porção menor, a parte que se movimenta. O resultado real da ação de um músculo é deduzível somente a partir da observação de sua origem, de seu decurso e de sua inserção, por um lado, e, por outro, do seu centro de rotação, o hypomochlion (apoio da alavanca ou calço).

Os principais movimentos naturais (por exemplo, respiração, passo, trote, galope) decorrem ritmicamente sob a atuação alternada de contração e relaxamento de grupos de músculos de ação antagonistas. Nesse caso, os músculos estão em repouso e em tensão ao mesmo tempo, o que se constitui no tônus muscular, resultante de uma excitação refletora permanente. Se, por exemplo, o tônus muscular for diminuído por uma narcose, ocorrerá uma hipotonia. Muitos músculos desempenham pela manutenção do tônus muscular, a função específica de manter-se em posição estática. Eles podem ser apoiados passivamente através de anexos tendíneos.

Inicia-se um movimento visível quando é superada uma posição inicial contra o tônus muscular do antagonista e contra a resistência. Estabelecendo-se o aumento da situação da tensão muscular (contração isométrica), segue, em decurso contínuo, a verdadeira contração do ventre muscular através do encurtamento das fibrilas musculares (contração isotônica).

A mecânica muscular em uma articulção ocorre conforme uma alavanca. De acordo com o número de articulações envolvidas no movimentos, os músculos podem ser divididos em: músculos de uma articulação; músculos de duas articulações; músculos de várias articulações.

As articulações se movimentam juntas em uma contração muscular (“articulação dependente”), e outras se movimentam em conjunto (“articulações combinadas facultativas”).

De acordo com a ação funcional dos músculos em uma articulação, as seguintes especificações podem ser feitas: extensor; flexor; adutor; abdutor; rotador pronador ou supinador; esfinctérico; dilatador; elevador; depressor.



Odontologia:

A atuação nesta área é exclusiva do médico veterinário, e necessita de conhecimentos de anatomia, fisiologia, farmacologia e clínica médica. É inicialmente fundamental pra sobrevivência do animal, já que os dentes desempenham função direta na apreensão e mastigação do alimento fibroso (diferentemente dos ruminantes que desempenham a função de apreensão do alimento com a língua).

Distúrbios gastrointestinais, perda de peso, reação à embocadura, descarga nasal, aumentos de volume na face ou na mandíbula, fístulas faciais, dificuldade na mastigação, acúmulo de alimento na boca e até problemas considerados de temperamento ou doma podem estar direta ou indiretamente relacionados com a cavidade oral dos eqüinos. Dessa forma, temos que dar a devida importância e atenção para a anatomia da cavidade bucal e os dentes que a compõe, já que qualquer demonstração sintomática pode ser um grande indicador de afecções em outros sistemas.

Dentre todas as importâncias dadas à cavidade bucal e aos dentes, temos também, e não menos importante, os períodos de trocas dentárias. A época de trocas dentárias é um período importante para os potros, já que nesse tempo o animal se torna indiretamente suscetível a diversos problemas (nutricionais ou não) que podem acometer-lo e prejudicar o seu tempo de crescimento, logo, prejudicando-o pelo resto de sua vida.



Referências bibliográficas:

CAJU, F. M.; TRAVASSOS, A. Equus caballus – Exterior e Pelagem.

HONTANG, M. A Psicologia do Cavalo, 2ª Edição, Editora Globo.

KONIG, H. E.; LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos, Editora Artmed, 2002.

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