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Paixão sem limites ! Somos loucos por cavalos !

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Leptospirose

Claudia Ehlers Kerber
Leptospirose é uma doença contagiosa de animais e de humanos causada por uma bactéria do tipo espiroqueta. A maioria das leptospiras patogênicas era membro da espécie Leptospira interrogans, mas o gênero foi recentemente reorganizado e as leptospiras patogênicas são hoje identificadas em sete espécies, das quais são reconhecidos 198 sorovares diferentes arranjados em 23 sorogrupos, causando bastante confusão. Vamos considerar ainda a nomenclatura antiga neste texto.

Estudos sorológicos realizados em diversas partes do mundo indicam que a exposição de eqüinos à leptospira é comum embora a manifestação clínica seja rara. Ela inclui febre, icterícia, oftalmia periódica e aborto. Informações sobre leptospirose em cavalos são bastante limitadas e, conforme veremos abaixo, há diversos grupos de leptospiras mais ou menos patogênicos. Os principais sorovares envolvidos em doenças na espécie eqüina são a pomona, descrita em diversos casos de aborto nos EUA, gripophytosa, hardjo, canícola e icterohaemorragiae. O menos patogênico e o mais comumente encontrado no cavalo é o sorovar Bratislava.

Isto acontece porque há preferência de determinados sorovares para determinados hospedeiros. O cavalo, por exemplo, parece ser o hospedeiro preferencial para L.Bratislava, mas também pode ser infectado por outros sorovares específicos de outros hospedeiros que vivam no mesmo ambiente. É o caso do sorovar icterohemorragiae, do rato.

O cavalo é, portanto, sensível a infecções por sorovares de outras espécies. Dizemos que a L.Bratislava está “adaptada” ao cavalo, mas o papel do cavalo na manutenção dela na natureza não está claro. A epidemiologia é bastante complicada uma vez que praticamente qualquer animal pode ser infectado por qualquer leptospira parasita. Além disto, algumas espécies são mais prevalentes do que outras em diferentes áreas geográficas.

PATOGENIA
A julgar pelo que ocorre com as outras espécies, as infecções devem ocorrer pela penetração das bactérias pela mucosa ocular, do naso-faringe e do trato genital. Após alguns dias inicia-se o período de bacteremia que deve durar de 2 a 7 dias. Esta fase freqüentemente é subclínica, mas podemos observar casos de febre, depressão, perda de apetite e icterícia.

A fase de bacteremia termina com o surgimento de anticorpos circulantes por volta de 11 a 14 dias pós-infecção, mas as leptospiras localizam e persistem em locais protegidos dos anticorpos circulantes. Estes locais incluem os túbulos renais proximais, o trato genital masculino e feminino e alguns autores citam ainda o globo ocular.

No caso de uma égua prenhe, a infecção fetal pode ocorrer com aborto subseqüente, nascimento prematuro ou potros fracos. O aborto vai ocorrer algumas semanas após a infecção e se houver manifestação de uveíte, ela é observada muitos meses mais tarde. Já foi observado que a evidência de icterícia está relacionada à disfunção hepática mas a evidência de lesão hepática resultante de leptospirose não é comum. Existe também uma descrição de nefrite fatal na literatura.

A excreção de bactérias via urina, descarga uterina pós-aborto e sêmen, são as principais fontes de infecção. Não se sabe por quanto tempo o animal se mantém como disseminador da doença e não há relatos de infertilidade em machos e fêmeas causada por leptospirose. Há também muita discrepância também nos resultados de estudos que tentam avaliar o envolvimento da leptospira em casos de aborto e, mais ainda, quando se quer definir qual o sorovar envolvido

Leptospirose II
Claudia Ehlers Kerber
OFTALMIA PERIÓDICA
Embora haja uma correlação inquestionável entre a presença da lestospira sorovar pomona e a uveíte recurrente ou oftalmia periódica, não há consenso entre os autores sobre a maneira como o processo ocorre.

Alguns acreditam que o sistema imunitário periodicamente responda à invasão das bactérias e leve a uma crise de uveíte autoimune. Outros acham que a própria bactéria se mantenha ali protegida e periodicamente se manifeste.

Os sinais clínicos desta uveíte incluem fotofobia, lacrimejamento, miose e déficit visual, no caso de persistência da uveíte. As seqüelas seriam a formação de sinéquias, opacidade da córnea, formação de catarata, alteração da coloração da íris e humor vítreo opaco. Pode evoluir para a cegueira definitiva.

RESPOSTA IMUNITÁRIA
A fase aguda da doença é associada com um forte aumento no nível de anticorpos. A primeira imunoglobulina envolvida com esta resposta é a imunoglobulina M (IgM). Este tipo de resposta não é específico para identificação de sorovares, mas está sempre associado a uma infecção recente.

Após esta fase, já há a produção de anticorpos do tipo IgG específicos para os sorogrupos e que podem ser identificados. O estado de portador pode persistir por longos períodos e a resposta imunitária identificada pela IgG pode permanecer estática e durar por toda a vida do animal mas pode também declinar e se tornar indetectável mesmo na presença de infecção. Um animal pode apresentar altos títulos para vários sorovares com os quais já teve contato.

A compreensão da resposta imunitária é fundamental para que se escolha o teste de diagnóstico sorológico ideal.

DIAGNÓSTICO
Os procedimentos de diagnóstico laboratorial estão divididos em dois grupos. O primeiro consiste de testes que demonstrem a leptospira no material biológico. O segundo consiste de testes sorológicos para detecção de anticorpos. A seleção de qual tipo de teste depende do tipo de infecção que se quer detectar e das possibilidades de material de boa qualidade disponível.

O diagnóstico de um caso agudo fatal ou de uma manifestação crônica inaparente dependerá de técnicas de demonstração das leptospiras e, no caso de necropsia, das alterações histopatológicas. As leptospiras podem ser isoladas ou demonstradas em órgãos internos e fluídos (sangue, leite, fluido cerebroespinal, torácico e peritonial) de animais clinicamente afetados ou de cadáveres ou fetos.

A coleta adequada e a manipulação são críticas, pois os espiroquetas morrem rapidamente. As amostras devem ser mantidas a 4ºC e adicionadas albumina bovina a 1%.
Quando se trabalha com portadores sãos, a liberação de leptospiras na urina pode ser intermitente dificultando a observação delas.
Considerando estas limitações, os testes sorológicos se tornaram os métodos de diagnóstico mais largamente utilizados. As técnicas mais comuns são as provas de aglutinação microscópica e a macroaglutinação.

O teste de aglutinação microscópica é primariamente um teste de rebanho pois detecta a IgG. Ao identificar grande número de animais positivos a um determinado tipo de sorovar, sabe-se que o mesmo está presente na região, embora ainda não garanta que o mesmo seja o causador da manifestação clínica.
Já o teste de macroaglutinação é excelente para casos de aborto e manifestações clínicas agudas pois detecta IgM. No entanto, este teste não se presta para o diagnóstico de oftalmia periódica ou detecção de portadores sãos após os 100 dias de infecção. Também não diferencia qual o sorovar envolvido.


A importância da Leptospirose bovina deve ser ressaltada, pois a sua presença em rebanhos causa queda de produtividade de leite e carne.
Diversos animais domésticos e silvestres podem ser portadores dos sorovares de Leptospira interrogans. Os ratos domésticos (ratos de telhado, ratazana e camundongos) são os principais transmissores do sorovar icterohaemorrhagiae.
Os animais doentes e/ou portadores são os grandes disseminadores da doença no rebanho. A infecção ocorre pela penetração da bactéria na pele, lesada ou não, e pelas mucosas em contato com urina, líquidos fetais, água, alimentos e sêmen contaminados.
A leptospirose também é uma importante zoonose, sendo transmitida ao homem através da penetração da bactéria pela pele lesada ou íntegra e pelas mucosas (olhos, nariz, boca) ou através da ingestão de água e alimentos contaminados.
Como reconhecer
Abortos que ocorrem geralmente no último terço da gestação, além de retenção de placenta, nascimento de mortos ou fracos que morrem nos primeiros dias de vida, mastite em todos os quartos, sem dor e úbere flácido, com leite alaranjado e presença de coágulos. O animal adulto é portador da doença, espalhando-a no ambiente através da urina, fetos abortados e restos placentários.
Os bezerros muitas vezes são encontrados mortos. Quando vivos, apresentam profunda depressão, febre alta, anemia, urina com cor achocolatada, icterícia, morte em período de 5-12 horas, podendo se estender até 24 horas.
Em éguas, os sintomas são de aborto, que podem ocorrer após o 3º mês de gestação, mas mais frequentes após o 6º mês; natimortos e nascimento de potros fracos que morrem nos primeiros dias de vida.
Equinos podem apresentar infecção no olho (oftalmite recidivante) com ataques de fotofobia (sensibilidade à luz), lacrimejamento e conjuntivite. Os dois olhos são afetados e as lesões levam progressivamente à cegueira.
O diagnóstico de rotina é feito através da técnica de microaglutinação em placa (sorologia).
Como tratar
Animais na fase aguda da doença devem ser tratados com Estreptomicina ou Diidroestreptomicina na dose de 12 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, durante 3 dias. Porém, devido ao curso muito rápido da doença, principalmente em animais jovens, a eficiência do tratamento é limitada.
Nos casos crônicos da doença usa-se a mesma base, só que na dose 25 mg/kg de peso em dose única.
Em equinos com oftalmite recidivante, o tratamento com antibióticos é pouco eficiente. Devem ser usados colírios com corticosteróides e atropina 4-8 vezes ao dia, até a resolução do problema.
Como evitar
É praticamente impossível a eliminação da doença no rebanho, graças à sua complexidade epidemiológica, uma vez que vários animais silvestres podem disseminar a bactéria. Portanto, recomenda-se fazer exames sorológicos do rebanho periodicamente (duas vezes ao ano) e tratar os animais com altos títulos de anticorpos.
A vacinação é a melhor forma de proteger o rebanho contra a doença, minimizando os prejuízos. Vacinar todo o rebanho, machos e fêmeas a partir dos 4 (quatro) meses de idade, repetir uma segunda dose 30 dias depois da primeira e revacinação semestral. Nas fêmeas é importante que uma dessas aplicações seja feita antes da cobertura ou entre esta e o quarto mês de prenhez.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Novas reuniões !!

>Ontem, tivemos uma reunião com a prof. Thais Patteli na qual decidiu-se que os temas a serem abordados durante este semestre serão votados pelos participantes na primeira reunião do grupo, dessa forma será disponibilizado no e-mail e blog do grupo artigos e estudos pertinentes à reunião, de modo que os interessados deverão ler e estudar previamente para que durante nossa reunião seja feito um debate, uma vez que não haverá mais palestras guiadas por slides

Dessa forma, todos que tiverem informações válidas adicionais podem apresentar aos demais durante a reunião, bem como enviar via e-mail ou blog.

Aqueles que não tiverem o e-mail e a senha, podem entrar em contato conosco pelo orkut e os dados serão enviados via depoimento.

A primeira reunião será portanto excepcionalmente na TERÇA FEIRA dia 10/08 às 18 horas na sala do HV de grandes animais. Posteriormente, as reuniões serão quinzenais às quartas feiras, a serem melhor detalhadas na semana que vem.

Aguardamos vocês !

sábado, 5 de junho de 2010

Manejo Nutricional

ALIMENTAÇÃO DE ÉGUAS RECEPTORAS

Uma das principais causas de infertilidade das éguas reprodutoras está ligada aos desequilíbrios nutricionais. Cerca de 80% dos problemas de infertilidade, de uma forma ou de outra, podem ser atribuídos a uma alimentação desequilibrada.
Uma alimentação equilibrada permite a uma égua receptora estar com status corporal ótimo, nem obesa, nem magra em demasia, de forma que seu ciclo estral seja bem definido, com boa formação de corpo lúteo que lhe permitirá manter uma gestação com bom desenvolvimento embrionário e fetal. Mas, antes de tudo, uma boa alimentação de receptoras no período que antecede a concepção, lhe permitirá entrar no cio regularmente e mesmo responder a uma terapia hormonal de forma eficaz, fator preponderante em uma transferência de embrião.
A regulagem do sistema hormonal e o bom funcionamento do sistema reprodutivo de uma égua receptora (assim como de todos os sistemas do organismo) dependem fundamentalmente de um equilíbrio nutricional proporcionado a estas éguas durante toda sua vida reprodutiva.
O fornecimento de quantidade adequada e equilibrada de proteína, energia, vitaminas e minerais, mesmo para um animal em manutenção, é fundamental para que a égua tenha um bom desempenho reprodutivo.
As necessidades de uma égua reprodutora vazia e até o 8º mês de gestação são semelhantes às necessidades de um animal em manutenção, isto é, energia baixa, de 16,4 mcal por dia (animal de 500 kg de peso), proteína bruta de 820 g por dia, mas de excelente qualidade com boa quantidade de aminoácidos disponíveis e quantidades mínimas, mas suficientes, de vitaminas e minerais, estes mais do que essenciais ao bom funcionamento hormonal e fisiológico de qualquer organismo. Isso é facilmente obtido com uma pastagem de boa qualidade e uma boa suplementação com sal mineral específico para eqüinos e, eventualmente, uma suplementação com ração de boa qualidade.
Porém, na prática, não é isso o que observamos. Como é necessária uma quantidade muito elevada de éguas para um programa de transferência de embriões, e para facilitar o manejo estas devem ficar próximas do local onde será efetuado o processo, em geral os proprietários mantêm estas éguas em uma pastagem de baixa qualidade, superlotadas, muitas vezes com quantidades de alimento aquém das necessidades mínimas do plantel. E para piorar, eles “suplementam” com um farelinho de trigo e eventualmente misturado a um rolão de milho ou quirera, ou ainda com ração de baixíssima qualidade, para baratear os custos. Isto acarreta um grave desequilíbrio nutricional que certamente prejudicará todo o processo de transferência de embriões.
Temos então a chamada “economia burra”, onde economizamos por um lado e gastamos muito mais por outro, afinal serão necessários mais coletas e transferências para o sucesso de um embrião transplantado.
O grande erro que se comete é pensar que estes animais, por serem éguas de descarte de outros plantéis, de serem de baixo valor zootécnico, não devem ser bem tratados. Enquanto a égua doadora, grande campeã da raça, de alto valor financeiro e zootécnico recebe ração de primeiríssima qualidade em grande quantidade, capim e feno do melhor, além de diversos suplementos, a receptora recebe o que há de pior na propriedade, ficando com os piores pastos e a pior suplementação.
A realidade deveria ser justamente o contrário. Uma égua doadora, se não está em campanha esportiva, tem necessidades muito menores do que a receptora, afinal de contas, ela deve simplesmente estar em estado nutricional de manutenção o tempo todo, apenas para gerar o embrião, com uma alimentação simples e equilibrada.
Quando falamos de alimentar uma égua em reprodução, jamais devemos pensar no animal em si, de sua qualidade e potencial genético, de sua campanha e de sua performance em pista, devemos sim pensar em quais são suas reais necessidades nutricionais.
As necessidades diferenciais de uma égua reprodutora são totalmente voltadas para o produto que ela carregará em seu ventre, afinal de contas, para ela, o mínimo para manutenção é suficiente. Mas, a partir do momento em que ela carrega um potro em seu ventre, este possui necessidades específicas que devem ser adicionadas à alimentação da égua para que o potro possa se desenvolver corretamente, necessidades estas que devem ser supridas por toda a gestação até o desmame do potro.
Um dos maiores riscos do sucesso da Transferência de Embrião está na alimentação de éguas receptoras, muito negligenciada pela grande maioria dos plantéis brasileiros.
André Cintra


ALIMENTAÇÃO DE ÉGUAS GESTANTES


Considerações Gerais:
A má nutrição é um dos maiores responsáveis pela infertilidade da égua.
Sua importância é notadamente subestimada.
Quando a alimentação é deficitária, podem ocorrer problemas na ovulação (cio não fértil), na nidação (fixação do embrião no útero) e na gestação, e mesmo na viabilidade do feto.
No momento que a má nutrição é grave e extensa, ocorrem abortos (que predispõe a complicações infecciosas que comprometem a fertilidade) ou simplesmente o nascimento de prematuros, ou mesmo, de potros fracos, pouco resistentes, que ficam sujeitos a natimortalidade.
Para prevenir a infertilidade de origem nutricional, a dificuldade prática reside na detecção do erro no arraçoamento, onde devemos adequar os aportes protéicos, minerais e vitamínicos conforme as necessidades do animal.

Nível Alimentar:
De um modo geral, a égua reprodutora é exposta a uma superalimentação no final da gestação e a uma subalimentação no início da lactação.
A superalimentação no final de gestação é freqüente mesmo se o apetite for débil. As necessidades energéticas da gestação são moderadas, pois a égua se beneficia do “anabolismo da gestação”, que se caracteriza por uma melhora no rendimento alimentar graças às secreções hormonais, favoráveis ao anabolismo.
A subalimentação no início da lactação procede de um aumento das necessidades energéticas relacionado à produção leiteira. Ela induz a um emagrecimento mais acentuado quanto mais gorda estiver a égua no momento do parto e quanto mais ascendente for produção de leite.
O déficit energético provoca uma hipoglicemia que origina uma inatividade ovariana (anestro) e retardamento da fecundação (de pelo menos um mês).

Primeira Fase de Gestação (1o. ao 8o. mês)
Após a fecundação, a égua deve manter seu peso, ou mesmo engordar se estiver muito magra. Nesta fase, ocorre um crescimento de cerca de 1/3 do tamanho do feto. As necessidades da mãe são ligeiramente superiores às de manutenção.
Um volumoso de ótima qualidade, mineralização adequada e um mínimo de concentrado de qualidade são suficientes para suprir suas necessidades nessa fase.

Segunda fase de Gestação (9o. ao 11o. mês)
Nesta fase ocorre um aumento muito grande das necessidades nutricionais da égua.
Há um crescimento de 2/3 do tamanho do feto neste período.
A alimentação fetal é prioritária em relação à mãe, inversamente do que ocorre no início da gestação. Está sendo definido todo o “futuro potencial” do potro, isto é, todo o potencial de crescimento do potro.
Nesta fase também, a égua deve adquirir uma Reserva Corpórea, para que, no início da Lactação não ocorra uma perda excessiva de peso, devido às elevadas necessidades energéticas desta fase.
Uma égua deve ganhar aproximadamente 13% de seu peso durante a gestação, sendo 10% nesta fase.

Superalimentação:
Devemos ter cuidados com uma superalimentação que pode acarretar problemas graves e importantes, devido ao excesso de gordura da mãe e do feto, como dificuldades no parto e diversas complicações associadas (retenção de placenta, metrite) e nascimento de um potro frágil que sofreu durante o parto.

Equilíbrio Alimentar:
Um bom estado corporal da égua no momento do parto é uma garantia do nascimento de um potro saudável e com ótimo desenvolvimento pós-natal.

Uma complementação concentrada adequada no final da gestação possui vantagens como:

Ø Compensar a queda de apetite momentos antes do parto, permitindo a manutenção do bom estado corporal.

Ø Estimular o desenvolvimento fetal, assegurando o nascimento de um potro saudável com maturidade.

Ø Ativar a produção de imunoglobulinas (anticorpos) para a produção de um colostro de excelente qualidade, que promova ótima proteção antiinfecciosa.

Ø Promover alta produção leiteira favorável ao crescimento inicial do potro.

André Cintra

ALIMENTAÇÃO DE ÉGUAS EM LACTAÇÃO
Início da Lactação (1o. ao 3o. mês)

As necessidades energéticas no início da lactação são muito superiores às do período de gestação. Elas vão praticamente dobrar em um ou dois meses.
Um bom arraçoamento quantitativo, continuamente bem adaptado ao estado fisiológico e ao nível de produção leiteira permite manter um peso corporal próximo do ótimo, beneficiando ao mesmo tempo a secreção láctea da égua e a sua fertilidade.
Paralelamente às necessidades quantitativas, é fundamental considerar as necessidades qualitativas em proteínas, minerais e vitaminas, pois as reservas são muito modestas e as carências muito freqüentes.
Nesta fase são utilizadas as Reservas Corpóreas da gestação.
As éguas de raças médias (Mangalarga, Quarto de Milha, Campolina, PSI, etc.) produzem em média, no pico da lactação, 17 litros de leite por dia, enquanto que as raças de tração pesada (Bretão , Percheron) chegam a 25 litros diários. Desta alta produção leiteira, vêm as elevadas necessidades energéticas desta fase.
A suplementação com concentrados se faz necessária, pois, além de tudo, a égua pode estar prenhe nesta fase.
Portanto a égua tem tripla função: Manutenção, Lactação e Nova Gestação.

Final da Lactação (4o. ao 6o. mês)
As necessidades da égua caem drasticamente, pouco acima das necessidades de manutenção. Neste período a produção leiteira reduz-se quase que à metade do início da lactação e o potro já está se alimentando de capim ou feno que suprem parte de suas necessidades.
Através de uma suplementação de concentrado e volumoso adequada, este potro já pode ser desmamado sem prejuízo para seu crescimento e desenvolvimento, deixando a égua livre para manter-se e levar a termo uma nova gestação (que já deve estar ao redor de 4-5 meses).
O desmame do potro pode ser feito a partir dos 4 meses de idade sem prejuízo para seu crescimento e desenvolvimento desde que ele seja bem alimentado. O critério ideal para definir o momento da desmama deve ser o tamanho do potro. Se o potro tiver que dobrar acentuadamente os membros anteriores para mamar, é sinal de que ele pode ser desmamado. Se ele não for desmamado neste momento, podem ocorrer desvios nos aprumos deste potro.

Conclusão
A égua reprodutora tem 03 grandes variações das necessidades alimentares no decorrer de seu ciclo reprodutivo.
Necessidades pouco superiores à manutenção no início da gestação e no final da lactação, necessidades especialmente protéicas no final da gestação e necessidades muito acentuadas, especialmente energéticas, no início da lactação. O fornecimento de minerais por todo o período de gestação/lactação é fundamental para o bom crescimento do esqueleto do potro.
De qualquer modo, é importante ressaltar que tais necessidades, sempre acompanhadas de um aporte mineral e vitamínico adequado, somente podem ser conseguidas com uma complementação de concentrados, pois a capacidade de ingestão de volumoso que a égua possui, não supre de maneira adequada às necessidades nestas fases de vida reprodutiva.
Se no período final da gestação o animal estiver em um estado ótimo, proporcionará uma melhor maturidade do feto, maior qualidade do colostro, aumento na produção leiteira e da atividade ovariana, favorecendo uma nova gestação.
Por outro lado, se no terço final da gestação houver ganho de peso em excesso, proporcionará, no momento do parto, uma perda excessiva de peso, dificuldade no parto, ocasionado o nascimento de um potro frágil e queda na produção leiteira, com conseqüente prejuízo reprodutivo subseqüente.
André Cintra

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cuidados com o Neonato

Neonato: cuidados necessários com os potros recém-nascidos


* Por: Danielle De Maria

O nascimento é a passagem da vida intra-uterina ao mundo exterior. Na vida fetal os filhotes têm facilidade para se alimentar, são protegidos pela mãe, têm temperatura constante e mais alta que o ambiente, etc. O nascimento faz com que a vida intra-uterina seja trocada por um ambiente mais hostil, com predadores, variações de temperatura, necessidade de se alimentar por conta própria entre outras características.
Os cuidados com os potros começam ainda na vida intra-uterina, principalmente no terço final da gestação. A égua necessita de isolamento em um piquete, com alimentação adequada à parturiente e bem próximo do parto, requer um piquete maternidade. É importante lembrar que quanto mais se artificializa a criação dos eqüinos, mais aumenta a fragilidade dos filhotes.
O parto das éguas ocorre preferencialmente durante a madrugada, o que dificulta o acompanhamento e “facilita” a proteção do neonato, evitando assim qualquer perturbação. O início do parto é marcado geralmente por uma queda de temperatura corpórea da égua.
O parto pode ser dividido didaticamente em três estágios: o primeiro é de inquietação com dor abdominal. O segundo compreende a ruptura da bolsa, o início do nascimento e o ato de respirar. O terceiro estágio é a liberação dos envoltórios fetais (placenta) que leva de trinta minutos a três horas do início do parto.
Neonato é o animal recém nascido. A duração deste estado é de 48 horas a 4 meses, no caso dos mamíferos. A variação depende da condição de sobrevivência do filhote sem a mãe. Se ocorrerem distúrbios durante a gestação ou parto, o filhote deve ser acompanhado, no mínimo, por 24 a 48 horas pós-parto. Uma gestação normal vai de 335 a 342 dias.
Vale lembrar que a condição da saúde materna e status corpóreo influ¬enciam diretamente sobre a condição do feto. As alterações mais graves que ocorrem são: distocias (mau posicionamento fetal), desco¬lamento precoce de placenta, inércia uterina, idade materna avançada, produção insuficiente de leite e mastite.
O exame clínico do potro recém-nascido não difere do exame de um adulto, porém os parâmetros são outros. A importância deste está na necessidade da rápida atuação do médico veterinário nos casos de emergências neonatais.

Principais cuidados com o recém-nascido

• Sistema respiratório
Quando o feto ultrapassa a pelve da mãe, ocorre a dilatação do pulmão seguida da aspiração do ar para dentro das vias aéreas, o diafragma se contrai e se forma a pressão intra-torácica negativa.
Alguns fatores estimulam a respiração: ausência de imersão, estímulos da mãe (lamber), frio, luz, diminuição da pressão de O2 e aumento de CO2, etc. A primeira inspirada é a mais difícil.
A freqüência respiratória no recém-nascido é de 50 a 60 movimentos/minuto. Em casos de alterações, verificar se há uma camada mucosa revestindo a cavidade nasal e/ou oral. Se houver, removê-la com pano seco e limpo.
Se ocorrer dificuldade respiratória por conteúdo líquido, é necessário massagear as narinas, friccionando da cabeça ao focinho. A respiração pode ser estimulada elevando o posterior do animal, friccionando o dorso com pano limpo ou palha, batidas com a palma das mãos na parede torácica ou jato de água fria.
Nos casos de não se restabelecer o padrão respiratório em 2 a 3 minutos, utilizar oxigenioterapia para evitar morte ou danos cerebrais.

• Sistema cárdio-circulatório
O sistema circulatório na vida intra-uterina é bastante diferente de animais recém-nascidos. A troca gasosa é realizada pela placenta e não pelo pulmão. Artérias e veias umbilicais involuem formando cordões fibrosos delgados.
Se ocorrer algum problema com falta de oxigenação nos recém-nascidos, acarretará o retorno do sistema circulatório fetal, o que se torna fatal após o nascimento.
O exame das membranas mucosas é de suma importância: devem se apresentar róseas e úmidas, e o tempo de preenchimento capilar deve ser igual ou inferior a 2 segundos.
No momento do nascimento, a freqüência cardíaca é de 60 a 80 batimentos/minuto, entre uma e doze horas pós-parto ela é de 120 a 140 bat/min e após 12 horas, 30 a 40 bat/min.

• Temperatura
A temperatura retal do potro deve ser aferida e estar entre 37,5 - 38,5ºC. Um desvio acima ou abaixo é preocupante e requer a presença do veterinário.

• Cordão umbilical
Após o término do parto, a égua permanece deitada; e é assim que tem de ser. Este tempo serve para que diminua a circulação sangüínea do cordão umbilical. No momento em que ela se levanta, o cordão se rompe.
Se a égua se levantar e o cordão não romper, deve ser “cortado” por um médico veterinário dentro dos procedimentos de assepsia, na linha de destacamento natural.
O coto umbilical deve ser embebido em iodo a 2%, tanto por dentro como por fora. Este procedimento auxilia na prevenção de infecções ascendentes que “entram” pelo cordão ainda não cicatrizado. O curativo deve repetido diariamente até que a ponta do cordão caia ou este se feche. A infecção deste cordão umbilical e dos vasos ali localizados são denominadas onfalo¬fle¬bites.

• Excreção de mecônio
Mecônio são as “fezes” (secreções, fluídos, células e bile) produzidas e acumuladas no intestino durante a vida intra-uterina, a partir da segunda metade da gestação. A coloração vai de marrom amarelada a marrom escura.
A liberação do mecônio deve ocorrer entre 4 a 5 horas pós-parto. Se isto não ocorrer deve-se interferir, do contrário o potro manifestará cólicas abdominais.
Os sinais clínicos de retenção do mecônio são notados entre 6 a 12 horas pós-parto e incluem a redução da freqüência de mamadas, dor ao defecar, cauda erguida, cólica, decúbito dorsal e inquietação.
O tratamento deve ser realizado por um médico veterinário logo aos primeiros sintomas. Após poucas horas da defecação, ocorre a primeira micção. Se for notada a eliminação de urina pelo umbigo, o potro requer mais atenção, pois ocorre a persistência do úraco, sendo assim o veterinário deve avaliar a condição e optar por aguardar ou promover o fechamento cirúrgico.

• Amamentação
O leite da égua é o alimento essencial aos recém-nascidos, tanto em quantidade como em composição. Só é necessário que se avalie a quantidade de anticorpos nele presente.
O reflexo de sucção do filhote começa a partir da manutenção do potro em pé, o que demora em torno de uma hora.
É necessário que se observe se o potro realmente conseguiu localizar o úbere da mãe e está sugando o primeiro leite, do contrário, são indicados exame clínico e ingestão forçada do colostro. O colostro é o primeiro alimento (primeiro leite) do neonato, tanto do ponto de vista nutricional como imunológico. A dose recomendada é de 1 a 2 litros divididos em mamadas de hora em hora, com a quantidade de 150 ml. A ingestão do colostro é mantida até 12 horas do nascimento.
O período mais crítico da vida do recém nascido são as primeiras 24 horas e este deve coincidir com a ingestão do colostro (até 6 horas do nascimento), pois nos eqüinos, pelo tipo de placentação o neonato não recebe nenhum tipo de anticorpos durante a gestação. Estes anticorpos devem ser absorvidos pela mucosa intestinal e são eles que vão garantir a imunidade até a idade de aproximadamente 6 a 8 meses.
As éguas produzem em média 15 a 18 Kg/dia de leite. A glândula mamária não produz anticorpos, apenas os concentra (originam do sangue). No caso de animais prematuros, órfãos ou rejeição da égua, o recém-nascido deve receber anticorpos do colostro de outro animal. O ideal é que o haras, quando de criação, mantenha um banco de colostro para eventuais problemas, e até de leite, e em último caso usar o aleitamento artificial (sucedâneos do leite).
O volume de colostro retirado da égua pós-parto, para formar o banco, pode variar de 150 a 200 ml. A conservação é feita no freezer de -15º a -20º C.
A quantidade de leite “artificial” deve ser de aproximadamente 10% do peso do potro que mama a cada 2 horas, porém conforme a quantidade de leite por mamada aumenta, o intervalo entre elas também aumenta. O aleitamento artificial pode ser fornecido em mamadeiras ou baldes.

• Isoeritrólise neonatal
É uma síndrome que ocorre nos potros recém nascidos por incompatibilidade sanguínea do potro com a égua. É mediada a partir dos anticorpos maternos, que são absorvidos através do colostro, e que respondem contra os eritrócitos (hemácias) do potro. Clinicamente nascem normais e após a primeira mamada se apresentam deprimidos, fracos e com o reflexo de sucção diminuído após 12 a 72 horas.
A gravidade do quadro é determinada pela quantidade e atividade dos anticorpos absorvidos. Mais tardiamente os sintomas são: taquicardia (aumento da freqüência cardíaca), taquipnéia (aumento da freqüência respiratória) e dispnéia (dificuldade respiratória). A mucosa oral vai de pálida à ictérica nos potros que sobrevivem 48 horas.
Casos muito agudos poderão evoluir à morte. É importante lembrar que fêmeas que manifestaram a síndrome não deverão amamentar na gestação seguinte. Assim é necessária fonte alternativa de colos¬tro.

• Septicemia neonatal
É a principal causa de óbito e conseqüentemente perdas econômicas. A taxa de sobrevivência dos acometidos é baixa e quase sempre acaba por causar danos irreversíveis, infecções localizadas ou atrasos no crescimento.
As infecções podem ocorrer na vida intra-uterina ou logo após o nascimento. Após o nascimento, a causa mais comum é a falta de imunidade passiva recebida através do colostro.
Os principais sintomas são desidratação, apatia, movimentação inco¬ordenada que podem se agravar a convulsões e morte.

• Fatores normais
Em média, 7 dias pós-parto a égua apresenta o primeiro cio, conhecido como cio do potro. Justamente nesta fase o potrinho passa por um quadro de diarréia que dura de 2 a 5 dias.
Algumas pesquisas demonstram que está diarréia é resultado de uma mudança na flora intestinal. Não há necessidade de tratamento, mas o uso de probiótico oral tem sido recomendado em alguns casos.
Após o segundo mês de vida, o potro já pode iniciar a alimentação a base de rações (concentrados), específica para a idade. Também nesta fase este já ingere feno, capim e água de boa qualidade.
Em torno de 4 a 6 meses de idade são desmamados. O que determina o período de desmame é a taxa de crescimento e a capacidade da ingestão do concentrado. Nesta fase já deve ser vacinado, vermifugado, e se necessário casqueado. A partir do desmame o potrinho já se torna praticamente um “cavalo” no que se refere às características de alimentação e comportamento.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Precauções ao parto!!

Preparando-se para o parto:


Deve-se providenciar um local seguro onde a égua possa dar a cria. É melhor colocar a égua que vai parir numa área afsatada dos outros cavalos. Muito freqüentemente, outras éguas vão tentar roubar o novo potro da mãe, o que pode resultar em muito aborrecimento para a mãe, e possíveis ferimentos no potro recém-nascido. Não é incomum outros cavalos atacarem um potro recém-nascido e matá-lo, se a mãe não for capaz de protegê-lo. Após o potro ter nascido, longe dos outros cavalos, não é boa política tentar colocar a égua e o potro com outros cavalos até que ele tenha, pelo menos, 2 ou 3 semanas de idade. É melhor, então, deixar os cavalos conhecerem o recém-chegado por sobre uma cerca. Permitir que as éguas dêem cria no pasto, junto com outras éguas prenhez, é uma prática comum, mas supervisão cuidadosa deve ser uma regra. A área destinada ao parto deve ser segura. Se a égua vai dar cria no pasto, não deve haver colinas ingremes, ravinas ou riachos com barrancos nas margens. Muitos potros recém-nascidos morrem por causa de quedas em áreas de parto irregulares e inseguras. Parir em uma cocheira tem duas grandes vantagens: protege contra um mau tempo e outros animais, e torna possível uma supervisão próxima, permitindo socorro imediato, se necessário. Felizmente, a maioria das éguas não tem problemas ou complicações no parto, mas é melhor estar preparado no caso de um auxílio ser necessário.

Nascimento do potro:

Aproximadamente 90% das vezes, as éguas dão cria à noite. O processo de parto leva somente em torno de 15 a 30 minutos porque as éguas têm músculos abdominais muito fortes. Se uma égua está em trabalho de parto intenso (fazendo força para baixo e obviamente pressionando para dar cria), por mais de 30 minutos é necessário auxilio profissional, ou experiente, imediato. Não apresse a égua, deixe que leve o tempo necessário para um parto sem assintência, se tudo ocorrer bem. Normalmente, logo antes de iniciar o trabalho de parto, a égua parecerá nervosa, comento pequenas quantidades de comida e, então, andando em círculos. Pisotear um pouco o solo, chutes leves no abdome, defecação freqüente de pequenas quantidades de esterco, deitar-se e levantar-se a intervalos curtos são sinais comuns de que a hora do parto está próxima. Logo após o "rompimento da bolsa d'agua" em torno do potro, inicia-se o trabalho de parto e uma "bolha"aparece através da vulva. A maioria das éguas dá cria deitada. A apresentação normal do potro é com as duas patas dianteiras aparecendo rezoavelmente juntas, seguindas logo pelo focinho e cabeça, logo atrás, dos joelhos.Logo que as patas dianteiras e a cabeça estão fora, o potro é normalmente expelido rapidamente, com muita força. A maioria das éguas normais requer pouco ou nenhum auxilio. Partos difíceis são normalmente devido a potros fracos, doentes ou mortos, que não estão na posição normal para nascer. Como o tempo de nascimento normal é tão curto ocorre sob grande pressão, é aconselhável que o proprietário ou pessoa que esteja acompanhando o parto, seja familiarizado com o método de corrigir situações que requer atenção imediata.

Manejo eqüino


• Separação da égua que irá parir para ambiente adequado aos 11 meses de gestação (importante se considerar 15dias a mais ou a menos)

Observar preenchimento de úbere, relaxamentos dos ligamentos pélvicos, dilatação da vulva.

• Parto
Pode demorar de 30 a 60 minutos
Ocorre geralmente à noite
Observa-se sinais da égua de sudorese, intranqüilidade, manoteamento do solo, olhar os flancos, ansiedade, contações involuntárias dos membros posteriore, e batidas de cauda sobre o períneo.
Ideal local calmo, limpo e seco.
Éguas de primeira cria e éguas com histórico de problemas devem ser observadas durante o trabalho de parto (raças maiores é também recomendado pelo tamanho grande tamanho do potro).
É sempre prudente ter veterinário de plantão ou sobreaviso para qualquer emergência.

• Após o nascimento o potro já deve estar ativo tentando se levantar e mamar
É importante observar se o potro mama o colostro pois este quando nasce é agamaglobulinêmico (devido ao tipo de placenta epiteliocorial difusa da égua não há passagem ao feto das macromoléculas).
Produção de colostro da égua ocorre de 4 a 2 semanas antes do pato.
Potro tem reflexo de sucção de 5 a 25 minutos depois do parto.
O pico de absorção das imunoglobunias ocorre nas 2 primeiras horas, é importante que haja a ingestão de 1litro nas primeiras 6 horas.
Éguas produzem de 20 a 22 litros de leite por dia.
É importante avaliação do colostro: éguas novas produzem menos colostro, dos 3 aos 10 anos há melhor produção.
Banco de colostros com leite coletado de maneira asséptica pode ser armazenado e congelado por até 18 meses. Retirar da égua no maximo uma mamadeira após o potro mamar.

• Cura de umbigo diária com iodo de 5-10% de preferência em pé.
• É importante observar a liberação do mecônio de 2 a 3 horas após o nascimento
• Durante 7 a 10 dias piquetes seguros para égua e potro.
• Vermifugação inicio com 30 a 60 dias e controle de ectoparasitas, repetir a cada 60 a 90 dias.
• Desmame do 4 ao 6 mês
Ambiente e manejo alimentar adequados.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Controle de carrapatos

Biologia e controle de carrapatos em eqüinos no Brasil

Carrapatos são indubitavelmente os ectoparasitos de eqüinos mais importantes no Brasil. Diretamente eles espoliam o sangue, abrem porta de entrada para miíases e infecções secundárias, irritam os animais e podem causar dermatites. São também vetores dos agentes causais da piroplasmose eqüina, Babesia equi e Babesia caballi, sendo esta doença um fator limitante para a performance de cavalos de esporte, além de restringir o comércio internacional desses animais. Considerando que a importação e principalmente a exportação de cavalos vem aumentando intensamente nos últimos anos, além de cavalos brasileiros que vão para provas internacionais, o controle desses artrópodes passa a ser muito importante nesse processo.
Pelo menos três espécies de carrapatos são comumente encontrados em eqüinos no Brasil:
Anocentor nitens
Amblyomma cajennense
Boophilus microplus.

Anocentor nitens
O A. nitens é um importante ectoparasito de eqüinos desde o sul dos EUA até o norte da Argentina. No Brasil, é encontrado parasitando cavalos e outros eqüídeos, estando amplamente difundido pelo país. Este ixodídeo é responsável por muitas doenças, incluindo lesões na orelha, predispondo a perda da rigidez auricular (cavalo troncho). Provavelmente ocorre invasão bacteriana nos ferimentos causados pelas picadas dos carrapatos, que acabam causando lesões deformantes ou mutilantes na cartilagem da orelha. O interior da orelha do hospedeiro freqüentemente torna-se repleto de carrapatos em todas as fases, com excrementos e exsúvias (mudas de pele) do carrapato, o que produz um odor nauseabundo. As fêmeas durante o período de sucção secretam uma substância líquida que, quando seca, se assemelha a sangue coagulado. Assim uma inflamação considerável é produzida o que pode ocasionar o aparecimento de miíases. Além dos danos diretos, ele está implicado na transmissão biológica de um dos agentes da Piroplasmose eqüina, a B. caballi. O parasitismo por A. nitens determina inúmeros prejuízos para os eqüinos do Brasil, através dos gastos com carrapaticidas e problemas na saúde dos animais. Em muitos casos, o controle deste parasito é feito com o uso excessivo de substâncias químicas, provocando sérios problemas na criação, não erradicando o ectoparasito e selecionando as cepas resistentes aos mais diversos tipos de acaricidas.
Este carrapato é conhecido na América do Norte como “the tropical horse tick” e no Brasil como “the horse ear tick”, pois é encontrado principalmente no pavilhão auricular, embora possa ser encontrado em outros sítios de fixação como divertículo nasal, base da crina, região perineal e ao longo da linha ventral média do corpo. É encontrado em altas prevalências nos vários países onde ocorre, desenvolvendo massivas populações nos eqüinos sobre o qual passa por todas as suas mudas.
O A. nitens é uma espécie com um único hospedeiro no seu ciclo e quase sempre adota eqüinos e muares como hospedeiro, mas é algumas vezes encontrado em outros animais como jumentos, bovinos, ovinos, veados e búfalos. No ciclo biológico do A. nitens a fêmea ingurgitada (repleta de sangue) se destaca do hospedeiro, procura um abrigo próximo ao solo nas pastagens, onde põe de 2.000 a 3.000 ovos. À medida que vão realizando a postura, as fêmeas vão se afastando, deixando os ovos aglutinados. Terminada a oviposição as fêmeas morrem. Os ovos são pequenos, esféricos e de coloração castanha. Os ovos eclodem e dão origem as larvas, de acordo com as condições climáticas favoráveis, as larvas sobem pelas gramíneas e arbustos e aí esperam a passagem dos hospedeiros para os quais se transferem. Após sugar sangue dos hospedeiros, durante alguns dias, a larva sofre muda da cutícula (ecdise) e se transforma no estágio seguinte que é a ninfa, esta por sua vez, se ingurgita, sofre ecdise e se transforma em machos ou fêmeas. Esses copulam, e a fêmea se ingurgita e se desprende do hospedeiro, após um período de descanso iniciam a ovipostura. Os machos permanecem mais tempo no hospedeiro.
A duração da fase parasitária no cavalo é de 24 a 28 dias, com ingurgitamento e muda de larva para ninfa e de ninfa para adulto no 8o e 16o dia pós-infestação, respectivamente. Em bovinos o ciclo do parasito é mais longo que em eqüinos, o massivo desprendimento de fêmeas ocorre de 25 a 36 dias pós-infestação.
No Brasil, altas temperaturas, aumento das chuvas e da umidade relativa durante o verão e primavera estão associados com o encurtamento da fase não parasitária do A. nitens. Assim, altos índices de produção de ovos e eclosão, conseqüentemente uma maior abundância de larvas são observados nesse período. No outono e inverno, o prolongamento da fase não parasitária e a diminuição da eficiência reprodutiva e taxas de eclosão contribuem para uma menor abundância de larvas. Entretanto, neste momento, baixas temperaturas são associadas com um aumento na sobrevivência das larvas, resultando em uma manutenção da larva nas pastagens, embora em baixo número. Desta forma, podem ser observadas 3 a 4 gerações anuais de A. nitens no Brasil que decorrem de mudanças climáticas e também são devidas ao estado fisiológico do cavalo, dependendo de seu nível de resistência ou susceptibilidade.


Amblyomma cajennense:
O A. cajennense, o carrapato do corpo dos cavalos, conhecido no Brasil como carrapato rodoleiro ou estrela na sua fase adulta, “vermelhinho” na fase ninfal e “micuim” na fase larvar, tem sido considerado como uma praga de importância emergente nas áreas de produção animal, como espoliador dos rebanhos eqüinos e bovinos e, de saúde pública como importante transmissor da riquetsiose nos humanos, a Febre Maculosa. Vários animais domésticos e ampla diversidade das espécies silvestres, mamíferos e aves, podem albergar algum estádio parasitário deste carrapato.
O A. cajennense é um carrapato trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros de espécies iguais ou diferentes para completar seu ciclo de vida. O ciclo biológico inicia-se com a queda de uma fêmea ingurgitada – teleógina, que busca esconderijo no solo para iniciar um novo ciclo de vida. No solo, em uma área protegida, dentro de uma rachadura do solo ou na base de uma touceira de capim, após aproximadamente 12 dias ela inicia uma postura de duração média de 25 dias onde deposita os ovos, dos quais aproximadamente 95% de larvas produzidas são viáveis (micuins) que permanecerão em jejum até o encontro do primeiro hospedeiro por um período de até seis meses, subindo e descendo das folhas das plantas em função das condições ambientais diárias e ocorrência de estímulo de busca de hospedeiros tais como vibrações do solo e eliminação de CO2 pelos hospedeiros. O enorme potencial biótico da espécie, explica a intensidade das infestações por larvas ou micuins observadas particularmente a partir dos meses de março – abril até meados de julho quando se inicia o período ninfal. No hospedeiro, após a fixação das larvas na sua pele, por mecanismos específicos, iniciam um repasto de linfa e /ou sangue e tecidos digeridos, durando essa fase alimentar aproximadamente cinco dias. Após este período as mesmas desprendem do hospedeiro, caindo no chão e buscando abrigo no solo para realizar uma muda para o estádio ninfal, que ocorre em um período médio de 25 dias.
Desta muda resulta uma ninfa (“vermelhinho”) que mantendo o mesmo comportamento verificado no estádio larvar, sobe e desce diariamente das folhas e ramos das plantas, à procura de um novo hospedeiro, sendo também este comportamento condicionado pelas condições ambientais. Neste estágio, a ninfa pode aguardar em jejum por um período estimado de até um ano e seu período máximo de atividade é observado durante os meses de julho a outubro ainda que possam também ocorrer durante todo o ano nas condições ambientais de sua ocorrência. Encontrado o segundo hospedeiro esta ninfa fixa-se em sua pele e iniciam um período de alimentação de aproximadamente 5 a 7 dias. Quando completamente ingurgitada, solta-se e cai ao chão para realizar a segunda muda em um nicho protegido do solo.
Após um período de aproximadamente 25 dias emergem o macho ou a fêmea jovens que em aproximadamente sete dias encontram-se perfeitamente aptos a realizar seu terceiro estádio parasitário. No meio ambiente, podem permanecer em jejum, por um período de até 24 meses, aguardando o hospedeiro e demonstrando enorme resistência física aos fatores ambientais. Deve-se considerar, entretanto, que em cada fase, nem todos os indivíduos sobrevivem. Grande número morre em decorrência da dessecação, da fome e da predação. Apenas os mais aptos sobrevivem para dar continuidade à espécie. Encontrando o hospedeiro, machos e fêmeas fixam-se, fazem um repasto tissular e sanguíneo, cruzam-se e a fêmea fertilizada inicia um processo de ingurgitamento que finda num prazo aproximado de 10 dias. Após este período a fêmea solta-se da pele e vai ao solo. No solo inicia uma nova geração. Esta fase, observada durante os meses de outubro e março no sudeste brasileiro, completa o ciclo biológico da espécie caracteriza sua dinâmica populacional e indica a ocorrência de uma geração anual da espécie.

Boophilus microplus:
A infestação de eqüinos por B. microplus está fortemente associada com o uso simultâneo de pastagens por eqüinos e bovinos. Apesar do B. microplus ser um carrapato do bovino, ele pode ser encontrado em várias outras espécies hospedeiras, como cavalos, pequenos ruminantes, búfalos, cachorros e alguns mamíferos silvestres. Entretanto, estas espécies hospedeiras podem servir como hospedeiro secundário desde que estas infestações são sempre relatadas em áreas onde também se observa o pastejo de bovinos.
Nos eqüinos o B. microplus é freqüentemente encontrado no peito e pescoço dos animais, causando uma severa dermatite. Além do mais, experimentalmente tem se demonstrado a transmissão de B. equi por este carrapato. Este carrapato apresenta apenas um hospedeiro em seu ciclo de desenvolvimento, sendo este semelhante ao já descrito anteriormente para o A. nitens.

DIFERENCIAÇÃO DOS CARRAPATOS

A diferenciação morfológica entre as espécies A. nitens, B. microplus e A. cajennense pode ser feita de forma bem prática a campo. Algumas particularidades devem ser destacadas, pois apesar de parecer simples, não é em qualquer fase de vida destes carrapatos que será possível identificá-los sem o auxílio de uma lupa ou microscópio.
Para diferenciar se o seu cavalo está infestado por uma dessas 3 espécies será necessário que você colete carrapatos adultos e observe as características abaixo.

Anocentor nitens Boophilus microplus Amblyomma cajennense

Carrapato da orelha de eqüinos*
Carrapato do boi Carrapato roduleiro
Carrapato estrela
Carrapato do corpo de eqüinos

Fêmea ingurgitada possui patas curtas e bem escuras (marrom escuro). Fêmea ingurgitada possui patas curtas e bem claras (transparentes). Patas bem longas podendo ser claras ou escuras.
Fêmeas ingurgitadas: coloração marrom claro, ao marrom escuro. Fêmeas ingurgitadas: coloração marrom claro, ao marrom escuro. Fêmeas ingurgitadas: mesma coloração do A. nitens, mas com pequenos pontos negros no corpo. Apresenta escudo bem pequeno e ornamentado (desenho e rajas claros).
Cabeça com peça bucal curta. Cabeça com peça bucal curta. Cabeça com peça bucal longa.
Macho com coloração variando do marrom escuro ao vermelho escuro. Macho com coloração variando do marrom escuro ao castanho. Macho com coloração marrom escuro e com o escudo bem ornamentado (desenhos e rajas claros).
Macho com peça bucal e patas curtas Macho com peça bucal e patas curtas Macho com patas bem longas e peça bucal longa.

* também pode ser encontrado sob a crina, no divertículo nasal, região perineal e perianal.



CONTROLE
Baseado no estudo da dinâmica sazonal das fases parasitárias e não parasitárias são sugeridas medidas de controle estratégico para A. nitens no Brasil similarmente aquelas adotadas para B. microplus. Os tratamentos acaricidas devem ser mais intensivos na primavera e verão, quando os níveis de infestação parasitária são maiores, e a abundância de larvas é maior nas pastagens e o ciclo de vida do A. nitens é menor devido às maiores temperatura e umidade relativa do ar. Os tratamentos devem ser baseados na pulverização de todo o corpo dos eqüinos, inclusive dentro do divertículo nasal e região auricular, em intervalos de 24 dias, cobrindo um período de pelo menos 4 meses ininterruptos do ano, na primavera e/ou verão. O volume de emulsão acaricida recomendado é de 4 a 5 litros por cavalo adulto, sendo que após o tratamento os animais devem voltar para o mesmo pasto. A repetição dos tratamentos acaricidas e o retorno dos animais para o mesmo pasto promoverão uma intensa limpeza das pastagens, reduzindo desta forma o número de carrapatos que atingirão a fase adulta. As elevações da temperatura e da umidade relativa do ar nesta época do ano provavelmente aumentam a atividade de busca pelo hospedeiro das larvas não alimentadas de A. nitens presentes nas pastagens. Tal fato possivelmente reduz o tempo de sobrevivência destas larvas no ambiente o que contribui para maior sucesso do tratamento carrapaticida neste período do ano. Em muitas propriedades é comum o uso de acaricidas tópicos no pavilhão auricular como única medida de controle de A. nitens. No entanto este controle tem se demonstrado ineficiente, devido às populações encontradas em outros sítios de fixação.
Em pesquisa realizada no Estado de São Paulo observou-se que os principais fatores associados com a presença e níveis de infestação por A. cajennense em eqüinos foram as condições da vegetação e da pastagem. Mistura de pastagens de crescimento excessivo, gramas não uniformes e várias espécies de plantas invasoras na pastagem, mostraram ter grande associação epidemiológica com A. cajennense (estabelecimento e desenvolvimento). A presença de pastagens sujas (mato + pastagem) foi associada não somente com a presença do carrapato, mas também com sua maior infestação nos cavalos. Roçar toda a pastagem uma vez ao ano foi a medida mais eficiente para evitar a presença e altas infestações de A. cajennense. Esse tipo de manejo de pastagem é feito principalmente no verão, durante a estação chuvosa, e consiste no rompimento mecânico de toda a pastagem, expondo o solo por várias semanas, até uma nova cobertura de capim se estabelecer. Roçagens periódicas também são fundamentais para manter a pastagem limpa, prevenindo o estabelecimento de plantas invasoras. Como A. cajennense completa somente uma geração por ano no Brasil, a maior parte do desenvolvimento do ciclo de vida ocorre no solo. Roçando a pastagem e expondo o solo pode-se significativamente romper com as condições microclimáticas ideais para sobrevivência e desenvolvimento do A. cajennense. A ausência de vegetação mais densa também pode desempenhar um papel de ruptura nas condições microclimáticas ideais.
Outra medida recomendada para o controle de A. cajennense seria o uso de tratamentos acaricidas a cada sete a dez dias durante o período larval e ninfal. O número de tratamentos em cada bateria varia com o nível de infestações na propriedade, o que obrigatoriamente exige a vistoria do Médico Veterinário para cada programa instalado. Além disto, o programa deverá prever tratamento de todos os eqüinos da propriedade num intervalo máximo de 3 dias para todo o plantel. É também fundamental que os animais sejam retornados ao pasto de origem. Isto porque, espera-se que cada animal torne-se uma “armadilha viva” durante o intervalo entre tratamentos.
A repetição dos tratamentos acaricidas nos períodos larval e ninfal e o retorno dos animais ao pasto, promoverão uma intensa limpeza das pastagens, reduzindo desta forma o número de carrapatos que tornar-se-ão adultos. Desta forma, espera-se grande redução dos carrapatos adultos durante as estações da primavera e verão como conseqüência natural da redução dos estágios larval e ninfal.
A dificuldade está no controle da população adulta, pois além de se necessitar de um produto com uma concentração 1,8 vezes superior à concentração indicada para o controle dos carrapatos dos bovinos, na época do tratamento (primavera e verão) temos grande quantidade de éguas em segundo e terceiro estágios de gestação. O uso intensivo e indiscriminado de carrapaticidas neste período pode ocasionar intoxicações e abortos absolutamente indesejáveis nestes animais.
Para controlar estes problemas em rebanhos pequenos, indica-se que no período de primavera e verão todas as fêmeas ingurgitadas sejam diariamente retiradas dos animais. Alguns ganhos resultarão desta ação. Em primeiro lugar que para cada fêmea repleta retirada estarão sendo retiradas do campo 5000 prováveis larvas que comporão a geração no ano seguinte. Em segundo lugar e se o controle das fases larval e ninfal forem bem feitos, reduziremos drasticamente a necessidade de banhos carrapaticidas neste período. Em terceiro lugar, a manipulação diária destes animais produzirá um comportamento dócil altamente desejável nos animais do rebanho.
Como as infestações de eqüinos por B. microplus estão fortemente associadas com o uso simultâneo de pastagens por eqüinos e bovinos, a providência imediata que deve ser tomada em um plantel infestado é a prática de separação de pastos destinados aos eqüinos e aos bovinos.
Estas propostas de controle estratégico manipulam importantes conceitos epidemiológicos, porém estão centradas no uso intensivo de carrapaticidas que são por definição produtos tóxicos e como tal devem ser manipulados com todos os cuidados e normas de segurança.
Cabe ao Médico Veterinário a checagem de todas estas normas como condição prévia à implantação do programa em uma propriedade. Sua atuação efetiva no controle das condições de aplicação destes pesticidas resultará numa inestimável ação de saúde pública na proteção ambiental e segurança do trabalhador rural.
Por outro lado, cuidadosas prescrições devem ser observados na recomendação de carrapaticidas de bases fosforadas ou misturas piretróides + fosforados. Seu uso intensivo pode resultar em quadros de intoxicações em animais e operadores. Por isso, na atualidade, recomenda-se que os programas de tratamento intensivos sejam realizados com produtos das bases piretróides puras na forma de concentrados emulsionáveis para banhos de aspersão ou imersão.
Baseado em todos esses estudos podemos dizer que o meio mais eficiente para evitar a infestação por B. microplus em eqüinos é criar cavalos completamente separados de bovinos. A infestação por A. cajennense pode ser controlada usando acaricidas recomendados nas dosagens adequadas, manter as pastagens uniformes e em condições limpas através da roçagem pelo menos uma vez ao ano durante as estações chuvosas (primavera e verão), quando o crescimento da forragem é favorecido. Infestações pelo A. nitens podem ser controladas através da pulverização de todos os eqüinos com acaricida por todo o corpo nos intervalos corretos e nas diluições adequadas, principalmente no período da primavera e verão.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vacinação e Vermifugação em Equinos

Vacinação e Vermifugação de Equinos no Brasil


No que diz respeito à saúde do cavalo, um dos pontos de extrema importância é o calendário de vacinação e vermifugação. Daí a necessidade de um eficiente cronograma de vacinação e desverminação, para que sejam evitadas muitas doenças graves, como o tétano e cólicas verminóticas, por exemplo.
Mais do que apenas vacinar, um programa de controle e prevenção de doenças infecciosas deve também visar à redução da quantidade de agentes causadores de doenças no meio em que os animais vivem. Isso pode ser obtido através da higiene e limpeza.
A queda da resistência imunológica do animal também deve ser reduzida ao máximo, de forma a tornar o programa de vacinação mais eficiente.
Toda vacina destina-se a estimular o sistema imunológico do animal para dar a ele condições de se defender do agente causador da doença. Os microorganismos patogênicos são mortos ou atenuados tornando-se incapazes de provocar a doença propriamente dita. No entanto, eles ainda contêm os antígenos, que ao serem introduzidas no organismo estimulam a produção de anticorpos específicos, levando à imunidade contra aquele agente patogênico.
Dessa forma, ao ser defrontado com a doença, o animal não apresentará sintomas clínicos, ou os terá de maneira muito atenuada. Em um estabelecimento eqüestre, a vacinação é obrigatória. Ela tem baixo custo, facilidade de aplicação e baixa incidência de efeitos colaterais.
A infestação parasitária é um sério problema de saúde para cavalos de todas as idades. O organismo do cavalo serve de hospedeiro para muitos parasitas. As larvas dos vermes podem ser encontradas nas pastagens, estábulos, cocheiras e em qualquer outro local contaminado com fezes de eqüinos (embora algumas larvas possam ser transportadas por insetos).
Devemos dar a devida importância aos prejuízos causados tanto ao animal quanto ao proprietário. Isso acontece porque os vermes acabam competindo com o cavalo pelos nutrientes de sua dieta, levando-o a uma diminuição de performance e capacidade. Os vermes adultos pela sua ação traumática nas mucosas causam gastrites e enterites, prejudicando a assimilação e digestão dos alimentos, levando assim os animais ao mau desenvolvimento no trabalho, reprodução e crescimento.

Vacinação
As doenças infecciosas podem ser transmitidas de um indivíduo para todo o grupo, ou mesmo a uma população inteira. Exemplo famoso na Eqüinocultura são os surtos periódicos de influenza, que se espalham em questão de dias por hípicas e principalmente Jockey Clubs, interrompendo o calendário de provas e causando prejuízos a indústria do cavalo.
O sucesso da vacinação depende da interferência dos seguintes fatores:
• Estresse por transporte, temperatura, super população, etc;

• Desafio alto: Presença da doença no local

• Manejo dos eqüinos: Nutrição, endo e ectoparasitos, higiene local

• Condições individuais do animal: Sem doenças incubadas, sem interferência de anticorpos maternos, sem imunossupressão;

• Qualidade das vacinas utilizadas

• Programa de vacinação

• Antígeno (qualidade)

• Da massa antigênica (quantidade)

• Do adjuvante

• Da conservação

• Da via de administração

• Da sanidade animal

A maioria das vacinas de importância em eqüinos aqui no Brasil são feitas contra aquelas doenças causadas por vírus, com exceção do tétano. Existe uma “vacina” contra garrotilho – na verdade uma bacterina, pois o garrotilho não é causado por um vírus, mas por bactéria. Outra vacina muito mencionada na literatura estrangeira, mas pouco conhecida no Brasil, é aquela contra a erlichiose monocítica dos eqüinos, ou “febre do rio Potomac”, causada pela Erlichia risticii.
Apenas um animal saudável tem condições de desenvolver imunidade como conseqüência de uma vacinação. Por exemplo, um cavalo portador de infestação parasitária intensa, ou em estado febril, poderá estar sofrendo um estresse físico excessivo, que não lhe permitirá responder à vacinação.
Potros são sujeitos a problemas peculiares relacionados à vacinação, pois a imunidade passiva recebida pelos mesmos através do colostro poderá interagir com a vacina administrada, causando a inativação da mesma antes que ela tenha estimulado o sistema Imunológico do potro.
Portanto, uma vacina dada demasiado cedo poderá ser ineficiente, enquanto que aquela administrada muito tarde poderia deixar o potro desprotegido contra a doença durante aquele período intermediário. A freqüência de doenças infecciosas tende a crescer proporcionalmente ao número e concentração de animais num estabelecimento eqüestre. Não apenas a introdução de novos cavalos, com as viagens para exposições e provas podem causar problemas.
Nos haras, a vinda de cavalos de terceiros, a mistura de animais de diversas faixas etárias e o número elevado de potros – sempre mais sensíveis a doenças infecciosas – e de éguas prenhes causam diversos problemas especiais. Problemas estes que relevam a importância dos princípios do controle sanitário de doenças infecciosas.
Por exemplo, é importante que todos os animais sejam separados por categoria e faixa etária. Potros desmamados, cavalos jovens, cavalos em treinamento e éguas visitantes deveriam ser mantidos inteiramente afastados das éguas e potros dos haras.
Animais recém adquiridos devem ser submetidos ao teste de AIE, ser desverminados e também receber todas as vacinações indicadas, antes de se permitir que sejam misturados ao resto do plantel.
Qualquer cavalo suspeito de doença infecciosa deve ser isolado por ao menos dez dias após o desaparecimento dos sintomas. Isso deve ser feito para minimizar o risco do contágio de outros animais suscetíveis.
Além disso, medidas rigorosas de limpeza e desinfecção de pessoas e equipamentos em contato com animais doentes são necessárias antes que essas pessoas e objetos entrem em contato com animais sadios, a fim de evitar o risco de contágio.
Os programas de controle devem preferencialmente ser adaptados à situação em particular do estabelecimento eqüestre. O princípio de toda vacinação é administrar uma dose inicial que deve ser seguida de reforços a intervalos regulares, cujo tamanho depende do tipo de vacina e da resposta imunológica a cada uma das mesmas.
Quando possível, a vacinação simultânea de todos os animais de um plantel irá elevar o nível de imunidade daquele grupo de animais, bloqueando a transmissão da infecção. Agindo dessa forma, será conferido também um nível maior de proteção aqueles cavalos cujo sistema imunológico – por uma fraqueza característica ou transitória - não corresponde á vacinação com boa produção de anticorpos.
Deve-se atentar a estocagem das vacinas, seguindo o preconizado pelo fabricante no tocante à temperatura e prazo de validade.
As principais vacinas a serem dadas nos cavalos devem ser aquelas que protegem contra as seguintes doenças:
Tétano
Encefalomielite
Influenza equina
Rinopneumonite
Raiva
Leptospirose
Garrotilho (em regiões endêmicas).

Uma vacina muito utilizada aqui no Brasil é aquela que imuniza simultaneamente contra as seguintes doenças: Tétano, influenza e encefalomielite (conhecida como “tríplice”). É importante atentar, porém, que a mesma não protege contra a rinopneumonite.

• Para exportação de cavalos são exigidas algumas vacinações que variam de país para país, mas que no geral são algumas dessas citadas.

• Lembrando sempre que o programa de vacinação é variável conforme a finalidade e ambiente onde o animal vive.

• Lembrando sempre que somente um Médico Veterinário tem a capacidade de escolher as vacina adequadas e aplicá-las no momento ideal, de forma segura e eficiente!!!!!

Vermifugação
Ao enfocarmos o tema parasitologia de eqüinos na atualidade, devemos ter a percepção de que, em termos de danos causados aos animais e prejuízos aos proprietários, todos os parasitas apresentam sua importância.
Além dos parasitas já conhecidos e combatidos, outros antes considerados insignificantes, como por ex. os Anoplocefalóides, hoje em função dos crescentes conhecimentos adquiridos nesta área de estudo, despertam para uma maneira diferente de pensar.
Segundo uma distribuição mundial dos parasitas de eqüinos, guardadas as variações sazonais nos países de clima temperado, as infestações por todo e qualquer parasita são constantes, e raramente encontram-se aquelas causadas por um parasita isoladamente, mas sim por uma associação deles.
A estratégia mais eficaz é a associação de drogas, de maneira a obtermos um espectro de ação mais amplo, que possa ser utilizado com eficácia nos habituais e reconhecidos programas estratégicos de controle de parasitas, tanto em potros, quanto em éguas ou garanhões.
Existem vários fabricantes de vermífugos bastante conhecidos. Quase todos eles se apresentam em bisnagas com conteúdo pastoso ou em forma de gel. Estas bisnagas possuem graduação indicando a dosagem de acordo com o peso do animal.
Existem vermífugos com cinco tipos básicos de drogas anti-helmínticas:

Benzoimidazóis (mebendazol, thiabendazol, canbendazol, fenbendazol, oxfendazol e oxibendazol); Organofosforados (dichlorvos e trichlorfon);
Piperazinas (associadas ou não ao dissulfeto de carbono e a fenotiazínicos);
Carbamatos (pamoato de pirantel e tartarato de pirantel)
Ivermectina.

 A aplicação varia de acordo com o peso, idade e período gestacional no caso das éguas.
A vermifugação de potros deve-se iniciar aos 60 dias e doses consecutivas a cada 2-3 meses. Recomenda-se a mudança de base a cada 3-4 aplicações, consistindo em uma rotação média.
Para animais adultos recomenda-se a repetição das doses 3-4 meses.
A Mudança de base deve ser feita a cada 3-4 aplicações para evitar o surgimento de resistência dos parasitas.
A realização de um exame parasitológico de fezes (O.P.G) indicará se a base utilizada está sendo eficiente e se há uma nível alto de infestação que indicará a necessidade de alterar esse calendário profilático.
Em animais que não são vermifugados a muito tempo deve-se utilizar primeiramente uma dose menor e o restante da dose a 20 dias, para evitar que os parasitos obstruam a luz intestinal, principalmente em animais jovens.

• Lembrando novamente que somente o Médico Veterinário poderá escolher a base adequada do vermífugo e ministrá-lo de forma segura, prática e eficiente!!!!!