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Paixão sem limites ! Somos loucos por cavalos !

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cuidados com o Neonato

Neonato: cuidados necessários com os potros recém-nascidos


* Por: Danielle De Maria

O nascimento é a passagem da vida intra-uterina ao mundo exterior. Na vida fetal os filhotes têm facilidade para se alimentar, são protegidos pela mãe, têm temperatura constante e mais alta que o ambiente, etc. O nascimento faz com que a vida intra-uterina seja trocada por um ambiente mais hostil, com predadores, variações de temperatura, necessidade de se alimentar por conta própria entre outras características.
Os cuidados com os potros começam ainda na vida intra-uterina, principalmente no terço final da gestação. A égua necessita de isolamento em um piquete, com alimentação adequada à parturiente e bem próximo do parto, requer um piquete maternidade. É importante lembrar que quanto mais se artificializa a criação dos eqüinos, mais aumenta a fragilidade dos filhotes.
O parto das éguas ocorre preferencialmente durante a madrugada, o que dificulta o acompanhamento e “facilita” a proteção do neonato, evitando assim qualquer perturbação. O início do parto é marcado geralmente por uma queda de temperatura corpórea da égua.
O parto pode ser dividido didaticamente em três estágios: o primeiro é de inquietação com dor abdominal. O segundo compreende a ruptura da bolsa, o início do nascimento e o ato de respirar. O terceiro estágio é a liberação dos envoltórios fetais (placenta) que leva de trinta minutos a três horas do início do parto.
Neonato é o animal recém nascido. A duração deste estado é de 48 horas a 4 meses, no caso dos mamíferos. A variação depende da condição de sobrevivência do filhote sem a mãe. Se ocorrerem distúrbios durante a gestação ou parto, o filhote deve ser acompanhado, no mínimo, por 24 a 48 horas pós-parto. Uma gestação normal vai de 335 a 342 dias.
Vale lembrar que a condição da saúde materna e status corpóreo influ¬enciam diretamente sobre a condição do feto. As alterações mais graves que ocorrem são: distocias (mau posicionamento fetal), desco¬lamento precoce de placenta, inércia uterina, idade materna avançada, produção insuficiente de leite e mastite.
O exame clínico do potro recém-nascido não difere do exame de um adulto, porém os parâmetros são outros. A importância deste está na necessidade da rápida atuação do médico veterinário nos casos de emergências neonatais.

Principais cuidados com o recém-nascido

• Sistema respiratório
Quando o feto ultrapassa a pelve da mãe, ocorre a dilatação do pulmão seguida da aspiração do ar para dentro das vias aéreas, o diafragma se contrai e se forma a pressão intra-torácica negativa.
Alguns fatores estimulam a respiração: ausência de imersão, estímulos da mãe (lamber), frio, luz, diminuição da pressão de O2 e aumento de CO2, etc. A primeira inspirada é a mais difícil.
A freqüência respiratória no recém-nascido é de 50 a 60 movimentos/minuto. Em casos de alterações, verificar se há uma camada mucosa revestindo a cavidade nasal e/ou oral. Se houver, removê-la com pano seco e limpo.
Se ocorrer dificuldade respiratória por conteúdo líquido, é necessário massagear as narinas, friccionando da cabeça ao focinho. A respiração pode ser estimulada elevando o posterior do animal, friccionando o dorso com pano limpo ou palha, batidas com a palma das mãos na parede torácica ou jato de água fria.
Nos casos de não se restabelecer o padrão respiratório em 2 a 3 minutos, utilizar oxigenioterapia para evitar morte ou danos cerebrais.

• Sistema cárdio-circulatório
O sistema circulatório na vida intra-uterina é bastante diferente de animais recém-nascidos. A troca gasosa é realizada pela placenta e não pelo pulmão. Artérias e veias umbilicais involuem formando cordões fibrosos delgados.
Se ocorrer algum problema com falta de oxigenação nos recém-nascidos, acarretará o retorno do sistema circulatório fetal, o que se torna fatal após o nascimento.
O exame das membranas mucosas é de suma importância: devem se apresentar róseas e úmidas, e o tempo de preenchimento capilar deve ser igual ou inferior a 2 segundos.
No momento do nascimento, a freqüência cardíaca é de 60 a 80 batimentos/minuto, entre uma e doze horas pós-parto ela é de 120 a 140 bat/min e após 12 horas, 30 a 40 bat/min.

• Temperatura
A temperatura retal do potro deve ser aferida e estar entre 37,5 - 38,5ºC. Um desvio acima ou abaixo é preocupante e requer a presença do veterinário.

• Cordão umbilical
Após o término do parto, a égua permanece deitada; e é assim que tem de ser. Este tempo serve para que diminua a circulação sangüínea do cordão umbilical. No momento em que ela se levanta, o cordão se rompe.
Se a égua se levantar e o cordão não romper, deve ser “cortado” por um médico veterinário dentro dos procedimentos de assepsia, na linha de destacamento natural.
O coto umbilical deve ser embebido em iodo a 2%, tanto por dentro como por fora. Este procedimento auxilia na prevenção de infecções ascendentes que “entram” pelo cordão ainda não cicatrizado. O curativo deve repetido diariamente até que a ponta do cordão caia ou este se feche. A infecção deste cordão umbilical e dos vasos ali localizados são denominadas onfalo¬fle¬bites.

• Excreção de mecônio
Mecônio são as “fezes” (secreções, fluídos, células e bile) produzidas e acumuladas no intestino durante a vida intra-uterina, a partir da segunda metade da gestação. A coloração vai de marrom amarelada a marrom escura.
A liberação do mecônio deve ocorrer entre 4 a 5 horas pós-parto. Se isto não ocorrer deve-se interferir, do contrário o potro manifestará cólicas abdominais.
Os sinais clínicos de retenção do mecônio são notados entre 6 a 12 horas pós-parto e incluem a redução da freqüência de mamadas, dor ao defecar, cauda erguida, cólica, decúbito dorsal e inquietação.
O tratamento deve ser realizado por um médico veterinário logo aos primeiros sintomas. Após poucas horas da defecação, ocorre a primeira micção. Se for notada a eliminação de urina pelo umbigo, o potro requer mais atenção, pois ocorre a persistência do úraco, sendo assim o veterinário deve avaliar a condição e optar por aguardar ou promover o fechamento cirúrgico.

• Amamentação
O leite da égua é o alimento essencial aos recém-nascidos, tanto em quantidade como em composição. Só é necessário que se avalie a quantidade de anticorpos nele presente.
O reflexo de sucção do filhote começa a partir da manutenção do potro em pé, o que demora em torno de uma hora.
É necessário que se observe se o potro realmente conseguiu localizar o úbere da mãe e está sugando o primeiro leite, do contrário, são indicados exame clínico e ingestão forçada do colostro. O colostro é o primeiro alimento (primeiro leite) do neonato, tanto do ponto de vista nutricional como imunológico. A dose recomendada é de 1 a 2 litros divididos em mamadas de hora em hora, com a quantidade de 150 ml. A ingestão do colostro é mantida até 12 horas do nascimento.
O período mais crítico da vida do recém nascido são as primeiras 24 horas e este deve coincidir com a ingestão do colostro (até 6 horas do nascimento), pois nos eqüinos, pelo tipo de placentação o neonato não recebe nenhum tipo de anticorpos durante a gestação. Estes anticorpos devem ser absorvidos pela mucosa intestinal e são eles que vão garantir a imunidade até a idade de aproximadamente 6 a 8 meses.
As éguas produzem em média 15 a 18 Kg/dia de leite. A glândula mamária não produz anticorpos, apenas os concentra (originam do sangue). No caso de animais prematuros, órfãos ou rejeição da égua, o recém-nascido deve receber anticorpos do colostro de outro animal. O ideal é que o haras, quando de criação, mantenha um banco de colostro para eventuais problemas, e até de leite, e em último caso usar o aleitamento artificial (sucedâneos do leite).
O volume de colostro retirado da égua pós-parto, para formar o banco, pode variar de 150 a 200 ml. A conservação é feita no freezer de -15º a -20º C.
A quantidade de leite “artificial” deve ser de aproximadamente 10% do peso do potro que mama a cada 2 horas, porém conforme a quantidade de leite por mamada aumenta, o intervalo entre elas também aumenta. O aleitamento artificial pode ser fornecido em mamadeiras ou baldes.

• Isoeritrólise neonatal
É uma síndrome que ocorre nos potros recém nascidos por incompatibilidade sanguínea do potro com a égua. É mediada a partir dos anticorpos maternos, que são absorvidos através do colostro, e que respondem contra os eritrócitos (hemácias) do potro. Clinicamente nascem normais e após a primeira mamada se apresentam deprimidos, fracos e com o reflexo de sucção diminuído após 12 a 72 horas.
A gravidade do quadro é determinada pela quantidade e atividade dos anticorpos absorvidos. Mais tardiamente os sintomas são: taquicardia (aumento da freqüência cardíaca), taquipnéia (aumento da freqüência respiratória) e dispnéia (dificuldade respiratória). A mucosa oral vai de pálida à ictérica nos potros que sobrevivem 48 horas.
Casos muito agudos poderão evoluir à morte. É importante lembrar que fêmeas que manifestaram a síndrome não deverão amamentar na gestação seguinte. Assim é necessária fonte alternativa de colos¬tro.

• Septicemia neonatal
É a principal causa de óbito e conseqüentemente perdas econômicas. A taxa de sobrevivência dos acometidos é baixa e quase sempre acaba por causar danos irreversíveis, infecções localizadas ou atrasos no crescimento.
As infecções podem ocorrer na vida intra-uterina ou logo após o nascimento. Após o nascimento, a causa mais comum é a falta de imunidade passiva recebida através do colostro.
Os principais sintomas são desidratação, apatia, movimentação inco¬ordenada que podem se agravar a convulsões e morte.

• Fatores normais
Em média, 7 dias pós-parto a égua apresenta o primeiro cio, conhecido como cio do potro. Justamente nesta fase o potrinho passa por um quadro de diarréia que dura de 2 a 5 dias.
Algumas pesquisas demonstram que está diarréia é resultado de uma mudança na flora intestinal. Não há necessidade de tratamento, mas o uso de probiótico oral tem sido recomendado em alguns casos.
Após o segundo mês de vida, o potro já pode iniciar a alimentação a base de rações (concentrados), específica para a idade. Também nesta fase este já ingere feno, capim e água de boa qualidade.
Em torno de 4 a 6 meses de idade são desmamados. O que determina o período de desmame é a taxa de crescimento e a capacidade da ingestão do concentrado. Nesta fase já deve ser vacinado, vermifugado, e se necessário casqueado. A partir do desmame o potrinho já se torna praticamente um “cavalo” no que se refere às características de alimentação e comportamento.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Precauções ao parto!!

Preparando-se para o parto:


Deve-se providenciar um local seguro onde a égua possa dar a cria. É melhor colocar a égua que vai parir numa área afsatada dos outros cavalos. Muito freqüentemente, outras éguas vão tentar roubar o novo potro da mãe, o que pode resultar em muito aborrecimento para a mãe, e possíveis ferimentos no potro recém-nascido. Não é incomum outros cavalos atacarem um potro recém-nascido e matá-lo, se a mãe não for capaz de protegê-lo. Após o potro ter nascido, longe dos outros cavalos, não é boa política tentar colocar a égua e o potro com outros cavalos até que ele tenha, pelo menos, 2 ou 3 semanas de idade. É melhor, então, deixar os cavalos conhecerem o recém-chegado por sobre uma cerca. Permitir que as éguas dêem cria no pasto, junto com outras éguas prenhez, é uma prática comum, mas supervisão cuidadosa deve ser uma regra. A área destinada ao parto deve ser segura. Se a égua vai dar cria no pasto, não deve haver colinas ingremes, ravinas ou riachos com barrancos nas margens. Muitos potros recém-nascidos morrem por causa de quedas em áreas de parto irregulares e inseguras. Parir em uma cocheira tem duas grandes vantagens: protege contra um mau tempo e outros animais, e torna possível uma supervisão próxima, permitindo socorro imediato, se necessário. Felizmente, a maioria das éguas não tem problemas ou complicações no parto, mas é melhor estar preparado no caso de um auxílio ser necessário.

Nascimento do potro:

Aproximadamente 90% das vezes, as éguas dão cria à noite. O processo de parto leva somente em torno de 15 a 30 minutos porque as éguas têm músculos abdominais muito fortes. Se uma égua está em trabalho de parto intenso (fazendo força para baixo e obviamente pressionando para dar cria), por mais de 30 minutos é necessário auxilio profissional, ou experiente, imediato. Não apresse a égua, deixe que leve o tempo necessário para um parto sem assintência, se tudo ocorrer bem. Normalmente, logo antes de iniciar o trabalho de parto, a égua parecerá nervosa, comento pequenas quantidades de comida e, então, andando em círculos. Pisotear um pouco o solo, chutes leves no abdome, defecação freqüente de pequenas quantidades de esterco, deitar-se e levantar-se a intervalos curtos são sinais comuns de que a hora do parto está próxima. Logo após o "rompimento da bolsa d'agua" em torno do potro, inicia-se o trabalho de parto e uma "bolha"aparece através da vulva. A maioria das éguas dá cria deitada. A apresentação normal do potro é com as duas patas dianteiras aparecendo rezoavelmente juntas, seguindas logo pelo focinho e cabeça, logo atrás, dos joelhos.Logo que as patas dianteiras e a cabeça estão fora, o potro é normalmente expelido rapidamente, com muita força. A maioria das éguas normais requer pouco ou nenhum auxilio. Partos difíceis são normalmente devido a potros fracos, doentes ou mortos, que não estão na posição normal para nascer. Como o tempo de nascimento normal é tão curto ocorre sob grande pressão, é aconselhável que o proprietário ou pessoa que esteja acompanhando o parto, seja familiarizado com o método de corrigir situações que requer atenção imediata.

Manejo eqüino


• Separação da égua que irá parir para ambiente adequado aos 11 meses de gestação (importante se considerar 15dias a mais ou a menos)

Observar preenchimento de úbere, relaxamentos dos ligamentos pélvicos, dilatação da vulva.

• Parto
Pode demorar de 30 a 60 minutos
Ocorre geralmente à noite
Observa-se sinais da égua de sudorese, intranqüilidade, manoteamento do solo, olhar os flancos, ansiedade, contações involuntárias dos membros posteriore, e batidas de cauda sobre o períneo.
Ideal local calmo, limpo e seco.
Éguas de primeira cria e éguas com histórico de problemas devem ser observadas durante o trabalho de parto (raças maiores é também recomendado pelo tamanho grande tamanho do potro).
É sempre prudente ter veterinário de plantão ou sobreaviso para qualquer emergência.

• Após o nascimento o potro já deve estar ativo tentando se levantar e mamar
É importante observar se o potro mama o colostro pois este quando nasce é agamaglobulinêmico (devido ao tipo de placenta epiteliocorial difusa da égua não há passagem ao feto das macromoléculas).
Produção de colostro da égua ocorre de 4 a 2 semanas antes do pato.
Potro tem reflexo de sucção de 5 a 25 minutos depois do parto.
O pico de absorção das imunoglobunias ocorre nas 2 primeiras horas, é importante que haja a ingestão de 1litro nas primeiras 6 horas.
Éguas produzem de 20 a 22 litros de leite por dia.
É importante avaliação do colostro: éguas novas produzem menos colostro, dos 3 aos 10 anos há melhor produção.
Banco de colostros com leite coletado de maneira asséptica pode ser armazenado e congelado por até 18 meses. Retirar da égua no maximo uma mamadeira após o potro mamar.

• Cura de umbigo diária com iodo de 5-10% de preferência em pé.
• É importante observar a liberação do mecônio de 2 a 3 horas após o nascimento
• Durante 7 a 10 dias piquetes seguros para égua e potro.
• Vermifugação inicio com 30 a 60 dias e controle de ectoparasitas, repetir a cada 60 a 90 dias.
• Desmame do 4 ao 6 mês
Ambiente e manejo alimentar adequados.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Controle de carrapatos

Biologia e controle de carrapatos em eqüinos no Brasil

Carrapatos são indubitavelmente os ectoparasitos de eqüinos mais importantes no Brasil. Diretamente eles espoliam o sangue, abrem porta de entrada para miíases e infecções secundárias, irritam os animais e podem causar dermatites. São também vetores dos agentes causais da piroplasmose eqüina, Babesia equi e Babesia caballi, sendo esta doença um fator limitante para a performance de cavalos de esporte, além de restringir o comércio internacional desses animais. Considerando que a importação e principalmente a exportação de cavalos vem aumentando intensamente nos últimos anos, além de cavalos brasileiros que vão para provas internacionais, o controle desses artrópodes passa a ser muito importante nesse processo.
Pelo menos três espécies de carrapatos são comumente encontrados em eqüinos no Brasil:
Anocentor nitens
Amblyomma cajennense
Boophilus microplus.

Anocentor nitens
O A. nitens é um importante ectoparasito de eqüinos desde o sul dos EUA até o norte da Argentina. No Brasil, é encontrado parasitando cavalos e outros eqüídeos, estando amplamente difundido pelo país. Este ixodídeo é responsável por muitas doenças, incluindo lesões na orelha, predispondo a perda da rigidez auricular (cavalo troncho). Provavelmente ocorre invasão bacteriana nos ferimentos causados pelas picadas dos carrapatos, que acabam causando lesões deformantes ou mutilantes na cartilagem da orelha. O interior da orelha do hospedeiro freqüentemente torna-se repleto de carrapatos em todas as fases, com excrementos e exsúvias (mudas de pele) do carrapato, o que produz um odor nauseabundo. As fêmeas durante o período de sucção secretam uma substância líquida que, quando seca, se assemelha a sangue coagulado. Assim uma inflamação considerável é produzida o que pode ocasionar o aparecimento de miíases. Além dos danos diretos, ele está implicado na transmissão biológica de um dos agentes da Piroplasmose eqüina, a B. caballi. O parasitismo por A. nitens determina inúmeros prejuízos para os eqüinos do Brasil, através dos gastos com carrapaticidas e problemas na saúde dos animais. Em muitos casos, o controle deste parasito é feito com o uso excessivo de substâncias químicas, provocando sérios problemas na criação, não erradicando o ectoparasito e selecionando as cepas resistentes aos mais diversos tipos de acaricidas.
Este carrapato é conhecido na América do Norte como “the tropical horse tick” e no Brasil como “the horse ear tick”, pois é encontrado principalmente no pavilhão auricular, embora possa ser encontrado em outros sítios de fixação como divertículo nasal, base da crina, região perineal e ao longo da linha ventral média do corpo. É encontrado em altas prevalências nos vários países onde ocorre, desenvolvendo massivas populações nos eqüinos sobre o qual passa por todas as suas mudas.
O A. nitens é uma espécie com um único hospedeiro no seu ciclo e quase sempre adota eqüinos e muares como hospedeiro, mas é algumas vezes encontrado em outros animais como jumentos, bovinos, ovinos, veados e búfalos. No ciclo biológico do A. nitens a fêmea ingurgitada (repleta de sangue) se destaca do hospedeiro, procura um abrigo próximo ao solo nas pastagens, onde põe de 2.000 a 3.000 ovos. À medida que vão realizando a postura, as fêmeas vão se afastando, deixando os ovos aglutinados. Terminada a oviposição as fêmeas morrem. Os ovos são pequenos, esféricos e de coloração castanha. Os ovos eclodem e dão origem as larvas, de acordo com as condições climáticas favoráveis, as larvas sobem pelas gramíneas e arbustos e aí esperam a passagem dos hospedeiros para os quais se transferem. Após sugar sangue dos hospedeiros, durante alguns dias, a larva sofre muda da cutícula (ecdise) e se transforma no estágio seguinte que é a ninfa, esta por sua vez, se ingurgita, sofre ecdise e se transforma em machos ou fêmeas. Esses copulam, e a fêmea se ingurgita e se desprende do hospedeiro, após um período de descanso iniciam a ovipostura. Os machos permanecem mais tempo no hospedeiro.
A duração da fase parasitária no cavalo é de 24 a 28 dias, com ingurgitamento e muda de larva para ninfa e de ninfa para adulto no 8o e 16o dia pós-infestação, respectivamente. Em bovinos o ciclo do parasito é mais longo que em eqüinos, o massivo desprendimento de fêmeas ocorre de 25 a 36 dias pós-infestação.
No Brasil, altas temperaturas, aumento das chuvas e da umidade relativa durante o verão e primavera estão associados com o encurtamento da fase não parasitária do A. nitens. Assim, altos índices de produção de ovos e eclosão, conseqüentemente uma maior abundância de larvas são observados nesse período. No outono e inverno, o prolongamento da fase não parasitária e a diminuição da eficiência reprodutiva e taxas de eclosão contribuem para uma menor abundância de larvas. Entretanto, neste momento, baixas temperaturas são associadas com um aumento na sobrevivência das larvas, resultando em uma manutenção da larva nas pastagens, embora em baixo número. Desta forma, podem ser observadas 3 a 4 gerações anuais de A. nitens no Brasil que decorrem de mudanças climáticas e também são devidas ao estado fisiológico do cavalo, dependendo de seu nível de resistência ou susceptibilidade.


Amblyomma cajennense:
O A. cajennense, o carrapato do corpo dos cavalos, conhecido no Brasil como carrapato rodoleiro ou estrela na sua fase adulta, “vermelhinho” na fase ninfal e “micuim” na fase larvar, tem sido considerado como uma praga de importância emergente nas áreas de produção animal, como espoliador dos rebanhos eqüinos e bovinos e, de saúde pública como importante transmissor da riquetsiose nos humanos, a Febre Maculosa. Vários animais domésticos e ampla diversidade das espécies silvestres, mamíferos e aves, podem albergar algum estádio parasitário deste carrapato.
O A. cajennense é um carrapato trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros de espécies iguais ou diferentes para completar seu ciclo de vida. O ciclo biológico inicia-se com a queda de uma fêmea ingurgitada – teleógina, que busca esconderijo no solo para iniciar um novo ciclo de vida. No solo, em uma área protegida, dentro de uma rachadura do solo ou na base de uma touceira de capim, após aproximadamente 12 dias ela inicia uma postura de duração média de 25 dias onde deposita os ovos, dos quais aproximadamente 95% de larvas produzidas são viáveis (micuins) que permanecerão em jejum até o encontro do primeiro hospedeiro por um período de até seis meses, subindo e descendo das folhas das plantas em função das condições ambientais diárias e ocorrência de estímulo de busca de hospedeiros tais como vibrações do solo e eliminação de CO2 pelos hospedeiros. O enorme potencial biótico da espécie, explica a intensidade das infestações por larvas ou micuins observadas particularmente a partir dos meses de março – abril até meados de julho quando se inicia o período ninfal. No hospedeiro, após a fixação das larvas na sua pele, por mecanismos específicos, iniciam um repasto de linfa e /ou sangue e tecidos digeridos, durando essa fase alimentar aproximadamente cinco dias. Após este período as mesmas desprendem do hospedeiro, caindo no chão e buscando abrigo no solo para realizar uma muda para o estádio ninfal, que ocorre em um período médio de 25 dias.
Desta muda resulta uma ninfa (“vermelhinho”) que mantendo o mesmo comportamento verificado no estádio larvar, sobe e desce diariamente das folhas e ramos das plantas, à procura de um novo hospedeiro, sendo também este comportamento condicionado pelas condições ambientais. Neste estágio, a ninfa pode aguardar em jejum por um período estimado de até um ano e seu período máximo de atividade é observado durante os meses de julho a outubro ainda que possam também ocorrer durante todo o ano nas condições ambientais de sua ocorrência. Encontrado o segundo hospedeiro esta ninfa fixa-se em sua pele e iniciam um período de alimentação de aproximadamente 5 a 7 dias. Quando completamente ingurgitada, solta-se e cai ao chão para realizar a segunda muda em um nicho protegido do solo.
Após um período de aproximadamente 25 dias emergem o macho ou a fêmea jovens que em aproximadamente sete dias encontram-se perfeitamente aptos a realizar seu terceiro estádio parasitário. No meio ambiente, podem permanecer em jejum, por um período de até 24 meses, aguardando o hospedeiro e demonstrando enorme resistência física aos fatores ambientais. Deve-se considerar, entretanto, que em cada fase, nem todos os indivíduos sobrevivem. Grande número morre em decorrência da dessecação, da fome e da predação. Apenas os mais aptos sobrevivem para dar continuidade à espécie. Encontrando o hospedeiro, machos e fêmeas fixam-se, fazem um repasto tissular e sanguíneo, cruzam-se e a fêmea fertilizada inicia um processo de ingurgitamento que finda num prazo aproximado de 10 dias. Após este período a fêmea solta-se da pele e vai ao solo. No solo inicia uma nova geração. Esta fase, observada durante os meses de outubro e março no sudeste brasileiro, completa o ciclo biológico da espécie caracteriza sua dinâmica populacional e indica a ocorrência de uma geração anual da espécie.

Boophilus microplus:
A infestação de eqüinos por B. microplus está fortemente associada com o uso simultâneo de pastagens por eqüinos e bovinos. Apesar do B. microplus ser um carrapato do bovino, ele pode ser encontrado em várias outras espécies hospedeiras, como cavalos, pequenos ruminantes, búfalos, cachorros e alguns mamíferos silvestres. Entretanto, estas espécies hospedeiras podem servir como hospedeiro secundário desde que estas infestações são sempre relatadas em áreas onde também se observa o pastejo de bovinos.
Nos eqüinos o B. microplus é freqüentemente encontrado no peito e pescoço dos animais, causando uma severa dermatite. Além do mais, experimentalmente tem se demonstrado a transmissão de B. equi por este carrapato. Este carrapato apresenta apenas um hospedeiro em seu ciclo de desenvolvimento, sendo este semelhante ao já descrito anteriormente para o A. nitens.

DIFERENCIAÇÃO DOS CARRAPATOS

A diferenciação morfológica entre as espécies A. nitens, B. microplus e A. cajennense pode ser feita de forma bem prática a campo. Algumas particularidades devem ser destacadas, pois apesar de parecer simples, não é em qualquer fase de vida destes carrapatos que será possível identificá-los sem o auxílio de uma lupa ou microscópio.
Para diferenciar se o seu cavalo está infestado por uma dessas 3 espécies será necessário que você colete carrapatos adultos e observe as características abaixo.

Anocentor nitens Boophilus microplus Amblyomma cajennense

Carrapato da orelha de eqüinos*
Carrapato do boi Carrapato roduleiro
Carrapato estrela
Carrapato do corpo de eqüinos

Fêmea ingurgitada possui patas curtas e bem escuras (marrom escuro). Fêmea ingurgitada possui patas curtas e bem claras (transparentes). Patas bem longas podendo ser claras ou escuras.
Fêmeas ingurgitadas: coloração marrom claro, ao marrom escuro. Fêmeas ingurgitadas: coloração marrom claro, ao marrom escuro. Fêmeas ingurgitadas: mesma coloração do A. nitens, mas com pequenos pontos negros no corpo. Apresenta escudo bem pequeno e ornamentado (desenho e rajas claros).
Cabeça com peça bucal curta. Cabeça com peça bucal curta. Cabeça com peça bucal longa.
Macho com coloração variando do marrom escuro ao vermelho escuro. Macho com coloração variando do marrom escuro ao castanho. Macho com coloração marrom escuro e com o escudo bem ornamentado (desenhos e rajas claros).
Macho com peça bucal e patas curtas Macho com peça bucal e patas curtas Macho com patas bem longas e peça bucal longa.

* também pode ser encontrado sob a crina, no divertículo nasal, região perineal e perianal.



CONTROLE
Baseado no estudo da dinâmica sazonal das fases parasitárias e não parasitárias são sugeridas medidas de controle estratégico para A. nitens no Brasil similarmente aquelas adotadas para B. microplus. Os tratamentos acaricidas devem ser mais intensivos na primavera e verão, quando os níveis de infestação parasitária são maiores, e a abundância de larvas é maior nas pastagens e o ciclo de vida do A. nitens é menor devido às maiores temperatura e umidade relativa do ar. Os tratamentos devem ser baseados na pulverização de todo o corpo dos eqüinos, inclusive dentro do divertículo nasal e região auricular, em intervalos de 24 dias, cobrindo um período de pelo menos 4 meses ininterruptos do ano, na primavera e/ou verão. O volume de emulsão acaricida recomendado é de 4 a 5 litros por cavalo adulto, sendo que após o tratamento os animais devem voltar para o mesmo pasto. A repetição dos tratamentos acaricidas e o retorno dos animais para o mesmo pasto promoverão uma intensa limpeza das pastagens, reduzindo desta forma o número de carrapatos que atingirão a fase adulta. As elevações da temperatura e da umidade relativa do ar nesta época do ano provavelmente aumentam a atividade de busca pelo hospedeiro das larvas não alimentadas de A. nitens presentes nas pastagens. Tal fato possivelmente reduz o tempo de sobrevivência destas larvas no ambiente o que contribui para maior sucesso do tratamento carrapaticida neste período do ano. Em muitas propriedades é comum o uso de acaricidas tópicos no pavilhão auricular como única medida de controle de A. nitens. No entanto este controle tem se demonstrado ineficiente, devido às populações encontradas em outros sítios de fixação.
Em pesquisa realizada no Estado de São Paulo observou-se que os principais fatores associados com a presença e níveis de infestação por A. cajennense em eqüinos foram as condições da vegetação e da pastagem. Mistura de pastagens de crescimento excessivo, gramas não uniformes e várias espécies de plantas invasoras na pastagem, mostraram ter grande associação epidemiológica com A. cajennense (estabelecimento e desenvolvimento). A presença de pastagens sujas (mato + pastagem) foi associada não somente com a presença do carrapato, mas também com sua maior infestação nos cavalos. Roçar toda a pastagem uma vez ao ano foi a medida mais eficiente para evitar a presença e altas infestações de A. cajennense. Esse tipo de manejo de pastagem é feito principalmente no verão, durante a estação chuvosa, e consiste no rompimento mecânico de toda a pastagem, expondo o solo por várias semanas, até uma nova cobertura de capim se estabelecer. Roçagens periódicas também são fundamentais para manter a pastagem limpa, prevenindo o estabelecimento de plantas invasoras. Como A. cajennense completa somente uma geração por ano no Brasil, a maior parte do desenvolvimento do ciclo de vida ocorre no solo. Roçando a pastagem e expondo o solo pode-se significativamente romper com as condições microclimáticas ideais para sobrevivência e desenvolvimento do A. cajennense. A ausência de vegetação mais densa também pode desempenhar um papel de ruptura nas condições microclimáticas ideais.
Outra medida recomendada para o controle de A. cajennense seria o uso de tratamentos acaricidas a cada sete a dez dias durante o período larval e ninfal. O número de tratamentos em cada bateria varia com o nível de infestações na propriedade, o que obrigatoriamente exige a vistoria do Médico Veterinário para cada programa instalado. Além disto, o programa deverá prever tratamento de todos os eqüinos da propriedade num intervalo máximo de 3 dias para todo o plantel. É também fundamental que os animais sejam retornados ao pasto de origem. Isto porque, espera-se que cada animal torne-se uma “armadilha viva” durante o intervalo entre tratamentos.
A repetição dos tratamentos acaricidas nos períodos larval e ninfal e o retorno dos animais ao pasto, promoverão uma intensa limpeza das pastagens, reduzindo desta forma o número de carrapatos que tornar-se-ão adultos. Desta forma, espera-se grande redução dos carrapatos adultos durante as estações da primavera e verão como conseqüência natural da redução dos estágios larval e ninfal.
A dificuldade está no controle da população adulta, pois além de se necessitar de um produto com uma concentração 1,8 vezes superior à concentração indicada para o controle dos carrapatos dos bovinos, na época do tratamento (primavera e verão) temos grande quantidade de éguas em segundo e terceiro estágios de gestação. O uso intensivo e indiscriminado de carrapaticidas neste período pode ocasionar intoxicações e abortos absolutamente indesejáveis nestes animais.
Para controlar estes problemas em rebanhos pequenos, indica-se que no período de primavera e verão todas as fêmeas ingurgitadas sejam diariamente retiradas dos animais. Alguns ganhos resultarão desta ação. Em primeiro lugar que para cada fêmea repleta retirada estarão sendo retiradas do campo 5000 prováveis larvas que comporão a geração no ano seguinte. Em segundo lugar e se o controle das fases larval e ninfal forem bem feitos, reduziremos drasticamente a necessidade de banhos carrapaticidas neste período. Em terceiro lugar, a manipulação diária destes animais produzirá um comportamento dócil altamente desejável nos animais do rebanho.
Como as infestações de eqüinos por B. microplus estão fortemente associadas com o uso simultâneo de pastagens por eqüinos e bovinos, a providência imediata que deve ser tomada em um plantel infestado é a prática de separação de pastos destinados aos eqüinos e aos bovinos.
Estas propostas de controle estratégico manipulam importantes conceitos epidemiológicos, porém estão centradas no uso intensivo de carrapaticidas que são por definição produtos tóxicos e como tal devem ser manipulados com todos os cuidados e normas de segurança.
Cabe ao Médico Veterinário a checagem de todas estas normas como condição prévia à implantação do programa em uma propriedade. Sua atuação efetiva no controle das condições de aplicação destes pesticidas resultará numa inestimável ação de saúde pública na proteção ambiental e segurança do trabalhador rural.
Por outro lado, cuidadosas prescrições devem ser observados na recomendação de carrapaticidas de bases fosforadas ou misturas piretróides + fosforados. Seu uso intensivo pode resultar em quadros de intoxicações em animais e operadores. Por isso, na atualidade, recomenda-se que os programas de tratamento intensivos sejam realizados com produtos das bases piretróides puras na forma de concentrados emulsionáveis para banhos de aspersão ou imersão.
Baseado em todos esses estudos podemos dizer que o meio mais eficiente para evitar a infestação por B. microplus em eqüinos é criar cavalos completamente separados de bovinos. A infestação por A. cajennense pode ser controlada usando acaricidas recomendados nas dosagens adequadas, manter as pastagens uniformes e em condições limpas através da roçagem pelo menos uma vez ao ano durante as estações chuvosas (primavera e verão), quando o crescimento da forragem é favorecido. Infestações pelo A. nitens podem ser controladas através da pulverização de todos os eqüinos com acaricida por todo o corpo nos intervalos corretos e nas diluições adequadas, principalmente no período da primavera e verão.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vacinação e Vermifugação em Equinos

Vacinação e Vermifugação de Equinos no Brasil


No que diz respeito à saúde do cavalo, um dos pontos de extrema importância é o calendário de vacinação e vermifugação. Daí a necessidade de um eficiente cronograma de vacinação e desverminação, para que sejam evitadas muitas doenças graves, como o tétano e cólicas verminóticas, por exemplo.
Mais do que apenas vacinar, um programa de controle e prevenção de doenças infecciosas deve também visar à redução da quantidade de agentes causadores de doenças no meio em que os animais vivem. Isso pode ser obtido através da higiene e limpeza.
A queda da resistência imunológica do animal também deve ser reduzida ao máximo, de forma a tornar o programa de vacinação mais eficiente.
Toda vacina destina-se a estimular o sistema imunológico do animal para dar a ele condições de se defender do agente causador da doença. Os microorganismos patogênicos são mortos ou atenuados tornando-se incapazes de provocar a doença propriamente dita. No entanto, eles ainda contêm os antígenos, que ao serem introduzidas no organismo estimulam a produção de anticorpos específicos, levando à imunidade contra aquele agente patogênico.
Dessa forma, ao ser defrontado com a doença, o animal não apresentará sintomas clínicos, ou os terá de maneira muito atenuada. Em um estabelecimento eqüestre, a vacinação é obrigatória. Ela tem baixo custo, facilidade de aplicação e baixa incidência de efeitos colaterais.
A infestação parasitária é um sério problema de saúde para cavalos de todas as idades. O organismo do cavalo serve de hospedeiro para muitos parasitas. As larvas dos vermes podem ser encontradas nas pastagens, estábulos, cocheiras e em qualquer outro local contaminado com fezes de eqüinos (embora algumas larvas possam ser transportadas por insetos).
Devemos dar a devida importância aos prejuízos causados tanto ao animal quanto ao proprietário. Isso acontece porque os vermes acabam competindo com o cavalo pelos nutrientes de sua dieta, levando-o a uma diminuição de performance e capacidade. Os vermes adultos pela sua ação traumática nas mucosas causam gastrites e enterites, prejudicando a assimilação e digestão dos alimentos, levando assim os animais ao mau desenvolvimento no trabalho, reprodução e crescimento.

Vacinação
As doenças infecciosas podem ser transmitidas de um indivíduo para todo o grupo, ou mesmo a uma população inteira. Exemplo famoso na Eqüinocultura são os surtos periódicos de influenza, que se espalham em questão de dias por hípicas e principalmente Jockey Clubs, interrompendo o calendário de provas e causando prejuízos a indústria do cavalo.
O sucesso da vacinação depende da interferência dos seguintes fatores:
• Estresse por transporte, temperatura, super população, etc;

• Desafio alto: Presença da doença no local

• Manejo dos eqüinos: Nutrição, endo e ectoparasitos, higiene local

• Condições individuais do animal: Sem doenças incubadas, sem interferência de anticorpos maternos, sem imunossupressão;

• Qualidade das vacinas utilizadas

• Programa de vacinação

• Antígeno (qualidade)

• Da massa antigênica (quantidade)

• Do adjuvante

• Da conservação

• Da via de administração

• Da sanidade animal

A maioria das vacinas de importância em eqüinos aqui no Brasil são feitas contra aquelas doenças causadas por vírus, com exceção do tétano. Existe uma “vacina” contra garrotilho – na verdade uma bacterina, pois o garrotilho não é causado por um vírus, mas por bactéria. Outra vacina muito mencionada na literatura estrangeira, mas pouco conhecida no Brasil, é aquela contra a erlichiose monocítica dos eqüinos, ou “febre do rio Potomac”, causada pela Erlichia risticii.
Apenas um animal saudável tem condições de desenvolver imunidade como conseqüência de uma vacinação. Por exemplo, um cavalo portador de infestação parasitária intensa, ou em estado febril, poderá estar sofrendo um estresse físico excessivo, que não lhe permitirá responder à vacinação.
Potros são sujeitos a problemas peculiares relacionados à vacinação, pois a imunidade passiva recebida pelos mesmos através do colostro poderá interagir com a vacina administrada, causando a inativação da mesma antes que ela tenha estimulado o sistema Imunológico do potro.
Portanto, uma vacina dada demasiado cedo poderá ser ineficiente, enquanto que aquela administrada muito tarde poderia deixar o potro desprotegido contra a doença durante aquele período intermediário. A freqüência de doenças infecciosas tende a crescer proporcionalmente ao número e concentração de animais num estabelecimento eqüestre. Não apenas a introdução de novos cavalos, com as viagens para exposições e provas podem causar problemas.
Nos haras, a vinda de cavalos de terceiros, a mistura de animais de diversas faixas etárias e o número elevado de potros – sempre mais sensíveis a doenças infecciosas – e de éguas prenhes causam diversos problemas especiais. Problemas estes que relevam a importância dos princípios do controle sanitário de doenças infecciosas.
Por exemplo, é importante que todos os animais sejam separados por categoria e faixa etária. Potros desmamados, cavalos jovens, cavalos em treinamento e éguas visitantes deveriam ser mantidos inteiramente afastados das éguas e potros dos haras.
Animais recém adquiridos devem ser submetidos ao teste de AIE, ser desverminados e também receber todas as vacinações indicadas, antes de se permitir que sejam misturados ao resto do plantel.
Qualquer cavalo suspeito de doença infecciosa deve ser isolado por ao menos dez dias após o desaparecimento dos sintomas. Isso deve ser feito para minimizar o risco do contágio de outros animais suscetíveis.
Além disso, medidas rigorosas de limpeza e desinfecção de pessoas e equipamentos em contato com animais doentes são necessárias antes que essas pessoas e objetos entrem em contato com animais sadios, a fim de evitar o risco de contágio.
Os programas de controle devem preferencialmente ser adaptados à situação em particular do estabelecimento eqüestre. O princípio de toda vacinação é administrar uma dose inicial que deve ser seguida de reforços a intervalos regulares, cujo tamanho depende do tipo de vacina e da resposta imunológica a cada uma das mesmas.
Quando possível, a vacinação simultânea de todos os animais de um plantel irá elevar o nível de imunidade daquele grupo de animais, bloqueando a transmissão da infecção. Agindo dessa forma, será conferido também um nível maior de proteção aqueles cavalos cujo sistema imunológico – por uma fraqueza característica ou transitória - não corresponde á vacinação com boa produção de anticorpos.
Deve-se atentar a estocagem das vacinas, seguindo o preconizado pelo fabricante no tocante à temperatura e prazo de validade.
As principais vacinas a serem dadas nos cavalos devem ser aquelas que protegem contra as seguintes doenças:
Tétano
Encefalomielite
Influenza equina
Rinopneumonite
Raiva
Leptospirose
Garrotilho (em regiões endêmicas).

Uma vacina muito utilizada aqui no Brasil é aquela que imuniza simultaneamente contra as seguintes doenças: Tétano, influenza e encefalomielite (conhecida como “tríplice”). É importante atentar, porém, que a mesma não protege contra a rinopneumonite.

• Para exportação de cavalos são exigidas algumas vacinações que variam de país para país, mas que no geral são algumas dessas citadas.

• Lembrando sempre que o programa de vacinação é variável conforme a finalidade e ambiente onde o animal vive.

• Lembrando sempre que somente um Médico Veterinário tem a capacidade de escolher as vacina adequadas e aplicá-las no momento ideal, de forma segura e eficiente!!!!!

Vermifugação
Ao enfocarmos o tema parasitologia de eqüinos na atualidade, devemos ter a percepção de que, em termos de danos causados aos animais e prejuízos aos proprietários, todos os parasitas apresentam sua importância.
Além dos parasitas já conhecidos e combatidos, outros antes considerados insignificantes, como por ex. os Anoplocefalóides, hoje em função dos crescentes conhecimentos adquiridos nesta área de estudo, despertam para uma maneira diferente de pensar.
Segundo uma distribuição mundial dos parasitas de eqüinos, guardadas as variações sazonais nos países de clima temperado, as infestações por todo e qualquer parasita são constantes, e raramente encontram-se aquelas causadas por um parasita isoladamente, mas sim por uma associação deles.
A estratégia mais eficaz é a associação de drogas, de maneira a obtermos um espectro de ação mais amplo, que possa ser utilizado com eficácia nos habituais e reconhecidos programas estratégicos de controle de parasitas, tanto em potros, quanto em éguas ou garanhões.
Existem vários fabricantes de vermífugos bastante conhecidos. Quase todos eles se apresentam em bisnagas com conteúdo pastoso ou em forma de gel. Estas bisnagas possuem graduação indicando a dosagem de acordo com o peso do animal.
Existem vermífugos com cinco tipos básicos de drogas anti-helmínticas:

Benzoimidazóis (mebendazol, thiabendazol, canbendazol, fenbendazol, oxfendazol e oxibendazol); Organofosforados (dichlorvos e trichlorfon);
Piperazinas (associadas ou não ao dissulfeto de carbono e a fenotiazínicos);
Carbamatos (pamoato de pirantel e tartarato de pirantel)
Ivermectina.

 A aplicação varia de acordo com o peso, idade e período gestacional no caso das éguas.
A vermifugação de potros deve-se iniciar aos 60 dias e doses consecutivas a cada 2-3 meses. Recomenda-se a mudança de base a cada 3-4 aplicações, consistindo em uma rotação média.
Para animais adultos recomenda-se a repetição das doses 3-4 meses.
A Mudança de base deve ser feita a cada 3-4 aplicações para evitar o surgimento de resistência dos parasitas.
A realização de um exame parasitológico de fezes (O.P.G) indicará se a base utilizada está sendo eficiente e se há uma nível alto de infestação que indicará a necessidade de alterar esse calendário profilático.
Em animais que não são vermifugados a muito tempo deve-se utilizar primeiramente uma dose menor e o restante da dose a 20 dias, para evitar que os parasitos obstruam a luz intestinal, principalmente em animais jovens.

• Lembrando novamente que somente o Médico Veterinário poderá escolher a base adequada do vermífugo e ministrá-lo de forma segura, prática e eficiente!!!!!

domingo, 9 de maio de 2010

Mangalarga Marchador

O Mangalarga Marchador é uma raça de cavalos cuja origem remonta à coudelaria Alter Real, que chegou ao Brasil por meio de nobres da Corte portuguesa e, após, cruzada com cavalos de lida, em sua maioria de raças ibéricas (bérberes), que aqui chegaram na época da Colonização do Brasil.

Segundo a tradição, em 1812, Gabriel Francisco Junqueira (o barão de Alfenas) ganhou de D. João VI, um garanhão da raça alter Real e iniciou sua criação de cavalos cruzando este garanhão da raça Alter com éguas comuns da Fazenda Campo Alegre, situada no Sul de Minas onde hoje é o município de Cruzília. Como resultado desse cruzamento, surgiu um novo tipo de cavalo que acreditamos foi denominado Sublime pelo seu andar macio.
Esses cavalos cômodos chamaram muito a atenção, e logo o proprietário da Fazenda Mangalarga trouxe alguns exemplares de Sublimes para seu uso em Paty do Alferes, próximo à Corte no Rio de Janeiro. Rapidamente tiveram suas qualidades notadas na sede do Império - principalmente o porte e o andamento - e foram apelidados de cavalos Mangalarga numa alusão à fazenda de onde vinham.
O cavalo Mangalarga Marchador, diferentemente de outras raças nacionais, possui inúmeras linhagens antigas e de tradição. Este fato lhe garantiu a expansão dos plantéis por todo território nacional, pois os novos criadores exerceram suas escolhas em ampla variabilidade. Assim, segundo a própria ABCCMM, reconhecemos como linhagem um grupo de animais que se mantém com as mesmas características genotípicas e pequenas variações fenotípicas. São criações que se mantiveram praticamente isoladas, desenvolvendo com objetivos claros sua seleção morfológica e funcional, fugindo ocasionalmente da consanguinidade entre suas matrizes e garanhões.
Em 1934 foi fundada a ABCCRM, Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga. Anteriormente tinha havido uma notável migração de parte da Família Junqueira para São Paulo em busca de melhores terras e riqueza. Chegando em novo solo, com topografia diferente, cultura diferente, onde a caçada ao veado era diferente, os cavalos tiveram que se adaptar a uma nova topografia e necessidades tendo a necessidade de um cavalo de melhor galope mais resistente por isto foi mais valorizado a marcha trotada que tem apoios bipedal de dois tempos com tempo mínimo de suspensão que cumpria as novas exigências do animal sem perder a comodidade, pois os animais de triplice apoio apesar de serem mais cômodos não conseguiam acompanhar o ritmo alucinante das caçadas e a lida com gado em campo aberto que eram as duas maiores funcionalidades do cavalo Mangalarga no estado de São Paulo. Tanto o Mangalarga Marchador como o Mangalarga ou Mangalarga Paulista, são duas raças ibérica.
Mangalarga Paulista:  Devido à inevitável diferença que estava surgindo entre os criadores de Mangalarga de São Paulo e de Minas, foi fundada em 1949 uma nova Associação, a ABCCMM. Esta Associação teve origem a partir de uma dissidência de criadores que não concordavam com os preceitos estabelecidos pela ABCCRM e teve como objetivo principal a manutenção da Marcha Tríplice Apoiada.
O tempo passou e a ABCCMM é hoje a maior associação de equinos da América Latina, com mais de 250.000 animais registrados e mais de 20.000 sócios registrados, com cerca de três mil ativos. Durante o período de meados de 70 ao final da década de 1990 o Marchador teve uma ascensão astronômica no segmento da equinocultura, batendo recordes de animais expostos, registrados, e de preços em leilões oficiais.

Aparência geral

Porte médio, ágil, estrutura forte e bem proporcionada, expressão vigorosa e sadia, visualmente leve na aparência, pele fina e lisa, pelos finos, lisos e sedosos, temperamento ativo e dócil.

Altura
Para machos a ideal é de 1,52 m, admitindo-se para o registro definitivo a mínima de 1,47 m e a máxima de 1,57 m.
Para fêmeas a ideal é de 1,46 m, admitindo-se para o registro definitivo a mínima de 1,40 m e a máxima de 1,54 m.

Cabeça
Cabeça e pescoço padrão da raça.Forma: triangular, bem delineada, média e harmoniosa, fronte larga e plana;

Perfil: retilíneo na fronte e de retilíneo a sub-côncavo no chanfro;

Olhos: afastados e expressivos, grandes, salientes, escuros e vivos, pálpebras finas e flexíveis;

Orelhas: médias, móveis, paralelas, bem implantadas, dirigidas para cima, de preferência com as pontas ligeiramente voltadas para dentro;

Garganta: larga e bem definida;

Boca: de abertura média, lábios finos, móveis e firmes;

Narinas: grandes, bem abertas e flexíveis;

Ganachas: afastadas e descarnadas.

Pescoço
De forma piramidal, leve em sua aparência geral, proporcional, oblíquo, de musculatura forte, apresentando equilíbrio e flexibilidade, com inserções harmoniosas, sendo a do tronco no terço superior do peito, admitindo-se, nos machos, ligeira convexidade na borda dorsal - como expressão de caráter sexual secundário - crinas ralas, finas e sedosas.

Tronco
Cernelha: bem definida, longa, proporcionando boa direção à borda dorsal do pescoço;

Peito : profundo, largo, musculoso e não saliente;

Costelas: longas, arqueadas, possibilitando boa amplitude torácica;

Dorso: de comprimento médio, reto, musculado, proporcional, harmoniosamente ligado à cernelha e ao lombo;

Lombo: curto, reto, proporcional, harmoniosamente ligado ao dorso e à garupa, coberto por forte massa muscular;

Ancas: simétricas, proporcionais e bem musculadas;

Garupa: longa, proporcional, musculosa, levemente inclinada, com a tuberosidade sacral pouco saliente e de altura não superior à da cernelha;

Cauda: de inserção média, bem implantada, sabugo curto, firme, dirigido para baixo, de preferência com a ponta ligeiramente voltada para cima quando o animal se movimenta. Cerdas finas, ralas e sedosas.

Membros Anteriores - Morfologia do padrão da raça.
Espáduas: longas, largas, oblíquas, musculadas, bem implantadas, apresentando amplitude de movimentos;

Braços: longos, musculosos, bem articulados e oblíquos;

Antebraços: longos, musculosos, bem articulados, retos e verticais;

Joelhos: largos, bem articulados e na mesma vertical do antebraço;

Canelas: retas, curtas, descarnadas, verticais, com tendões fortes e bem delineados;

Boletos: definidos e bem articulados;

Quartelas: de comprimento médio, fortes, oblíquas e bem articuladas;

Cascos: médios, sólidos, escuros ou claros e arredondados.

Aprumos: corretos.

Membros posteriores

Coxas: musculosas e bem inseridas;

Pernas: fortes, longas, bem articuladas e aprumadas;

Jarretes: descarnados, firmes, bem articulados e aprumados;

Canelas: retas, curtas, descarnadas, verticais, com tendões fortes e bem delineados;

Boletos: definidos e bem articulados;

Quartelas: de comprimento médio, fortes, oblíquas e bem articuladas;

Cascos: médios, escuros e arredondados;

Aprumos: corretos.

Ação
Passo: andamento marchado, simétrico, de baixa velocidade, a quatro tempos, com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por tempo de tríplice apoio.
Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada; equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais pouco maiores que laterais; suave movimento de báscula com o pescoço; boa flexibilidade de articulações.

Galope: andamento saltado, de velocidade média, assimétrico, a quatro tempos, cuja sequência de apoios se inicia com um posterior, seguido do bípede diagonal colateral e se completa com o anterior oposto.

Características ideais: regular, justo, com boa impulsão, equilibrado, com nítido tempo de suspensão, discreto movimento de báscula com o pescoço, boa flexibilidade de articulações.

Andamento
ApoioMarcha: andamento marchado, simétrico, a quatro tempos, com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por momentos de tríplice apoio.
Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada ou ultrapegada, equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais maiores que laterais, movimento discreto de anteriores, descrevendo semicírculo visto de perfil, boa flexibilidade de articulações.
Expressão e caracterização
O que exprime e caracteriza a raça em sua cabeça, aparência geral e conformação

Diferença entre as Raças

A diferença entre as raças do Mangalarga Marchador e o Mangalarga começaram a surgir na segunda metade do século XIX quando os primeiros animais foram levados para o Estado de São Paulo e lá tiveram que se adaptar a uma nova topografia de campos cerrados, em vez da topografia acidentada do Sul de Minas. A topografia paulista influenciou não só a rotina de trabalho nas fazendas (lida com o gado) mas também o esporte, nomeadamente a caça do veado.
Os criadores paulistas começaram a desenvolver animais com uma estatura mais elevada para facilitar a cavalgada através do cerrado e, ao mesmo tempo, animais que respondesse com um arranque fácil e imediato durante a caça.
Vale ressaltar que em Minas também se buscava um animal voltado para a caça. Porém, em função da topografia da região, o papel do cachorro na caçada era muito mais importante do que a do cavalo. No Estado de São Paulo, entretanto, o cavalo começou a desempenhar uma função tão importante quanto a dos cachorros. Exigia-se dos animais um arranque fácil e imediato, parada brusca, além da transição natural e espontânea da marcha para o galope.
O trabalho de seleção e aprimoramento funcional volta-se, então, para desenvolver características no Mangalarga que pudessem atender esses requisitos. Cruza-se o Mangalarga com as raças Puro Sangue Inglês, Árabe, Anglo-Árabe e American Saddle Horse.
Essa seleção funcional, no entanto, implicou na modificação da conformação. Conseqüentemente, numa diferenciação cada vez maior do Mangalarga Mineiro, inclusive dando-lhe outra aparência geral.
Acredita-se que no futuro é muito provável que o Mangalarga Marchador e o Mangalarga terão em comum somente o nome e a origem.
O Mangalarga Marchador é o que se pode chamar de “cavalo de fazendeiro”, pois sua marcha é bastante confortável e não cansa o cavaleiro, tornando-o ideal para percorrer a fazenda e realizar viagens por caminhos acidentados.

O Mangalarga Marchador era considerado apenas uma variedade da raça, distinguindo-se particularmente pelo seu andamento característico que denomina “marcha avante, batida ou picada”, tão regular quanto possível, constituindo desclassificação o trote, a marcha trotada e a andadura propriamente dita. O Mangalarga Marchador tem dificuldade em galopar.
O andamento genuíno do Mangalarga Marchador é acompanhado de outras importantes características:

Temperamento
Ativo e dócil, pode ser montado por pessoas de qualquer faixa etária e nível de equitação.


Resistência
Grande capacidade para percorrer longas distâncias e enfrentar desafios naturais.

Inteligência
Seu adestramento é fácil e rápido em relação a outras raças de sela.

Rusticidade
Pode ser criado somente em regime de pasto, diminuindo seu custo de produção e manutenção, facilitando seu manejo. A rusticidade é observada também na facilidade de adaptação a quaisquer terrenos e climas como o tropical, temperado ou frio.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Puro Sangue Inglês

A raça Puro-Sangue Inglês (Puro Sangue de Corrida) foi formada ou estabelecida na Inglaterra, por volta de 1730, durante o reinado de Charles II.

Teve como base alguns garanhões Árabes ou Berberiscos, destacando-se entre eles Darley Arabian, Birley Turk e Godolphin Bart, que foram cruzados com éguas nativas das ilhas Britânicas, já impregnadas de sangue árabe como resultado da entrada de animais destas raças, vindos em invasões anteriores.
Foram fundamentalmente importantes, 30 éguas denominadas Royal Brood Mares, selecionadas meticulosamente e pertencentes, como diz seu nome, ao Haras Real.
Sem dúvida alguma, o meticuloso espírito inglês foi fundamental na anotação e observação dos primeiros animais produzidos e graças a isto, foi efetuada rigorosa e objetiva seleção nos primórdios da raça.
Remonta a 1704 os primeiros produtos registrados e constantes do Stud Book Inglês (General Stud Book).
Foi esta raça selecionada evidentemente com o objetivo de disputar corridas as quais eram naquela época, de longas distâncias, se comparadas com as atuais.
A rigorosa seleção anteriormente citada e a ginástica funcional naturalmente advinda das competições e das preparações, para elas, fizeram do Puro-Sangue Inglês um animal extremamente bem desenvolvido no sentido de uma poderosa estrutura óssea e muscular, aliadas a uma grande agilidade e saúde geral.
Fixando-se durante cerca de 270 anos estas características com objetivos fundamentalmente funcionais, é hoje o Puro-Sangue Inglês, um animal de características absolutamente definidas, podendo ser considerado zootecnicamente como raça pura.
Mercê de suas qualidades de destreza e vigor, de sua perfeição física e de grande precocidade, tem o Puro-Sangue Inglês desempenhado em todo mundo o papel de um melhorador de raças fisicamente inferiores, produzindo excelentes mestiços para esporte, tração leve e em determinada época, excelentes cavalos para fins militares, inclusive combate.
Para ser aceito como puro, deve o Puro-Sangue Inglês apresentar oito gerações de animais puros registrados no Stud Book Oficiais.
O registro, o pedigree e o certificado de origem emitido por um Stud Book são documentos aceitáveis e reconhecidos em todo mundo, o que dá a esta raça uma condição de pureza e reconhecimento universal.
No entanto, a raça que agora conhecemos foi um cruzamento intencional de raças, feito com o único propósito de se obter uma raça de bons cavalos de corrida.

E estamos realmente perante um velocista puro.
Esta raça pode ter-se desenvolvido a partir de um cavalo autóctone, que não sofreu quaisquer alterações, dado o seu isolamento nas ilhas britânicas até ao sec. XVII.
Muitas das raças europeias foram cruzadas com espécies nórdicas, de cavalos mais pesados e muito robustos, mas mais lentos.
Como este cavalo autóctone não o foi, manteve as suas características, sendo mais tarde cruzado com o Árabe e com raças orientais muito ágeis, sendo o resultado o que hoje conhecemos como puro sangue inglês.
O Puro Sangue Inglês conquistou o mundo graças à sua velocidade e resistência, sendo usado em corridas pelos quatro cantos do planeta, onde continua a manter o domínio.
Além de velocista, este cavalo é um bom saltador de obstáculos e um bom cavalo de sela para passeio.
As características desta raça passam ainda pelo seu ar altivo, como se dominasse sempre qualquer situação, e pela coragem que demonstra quando lhe aparecem obstáculos pela frente.
O PSI pode atingir os 500 kg e 1,65m de altura
As cores mais comuns são várias tonalidades de castanho
Temperamento

Tendo sangue quente, o PSI é extremamente corajoso e incansável. Por vezes nervosos, estes cavalos são excitáveis e não são de fácil trato. Como verdadeiras máquinas de corrida, são velozes e atléticos.

Descrição
Com uma estatura alta e membros longos e musculosos, o Puro Sangue Inglês tem um porte distinto e atlético. A cabeça destes cavalos é bem delineada, com olhos grandes e vivos, narinas recortadas e orelhas médias. A pele é fina e o pêlo sedoso. O peito é estreito e os joelhos são baixos.

Utilização
O Puro Sangue Inglês é sobretudo usado em corridas planas, salto e concurso completo de equitação. Mas também é utilizado em lazer.

Pelagem
Todas as cores básicas são aceitáveis, sendo o castanho a mais comum.

Influências
A maior influência neste cavalo é sem dúvida a árabe. Contudo há quem defenda também a existência de sangue berbere.

O Puro Sangue Inglês já foi utilizado no aperfeiçoamento de diversas raças mundiais.



PADRÃO DA RAÇA

Peso de 400 a 500 Kg.
Estatura de 155 a 173 cm ­(160 em média).

Pelagem - as cores predominantes da pelagem são o castanho queimado, o alazão, o castanho simples, o tordilho e o negro, na ordem decrescente. A pele é fina e sensível, deixando ver o sistema vascular subcutâneo. Os pêlos são ralos, sedosos e finos, e as crinas, também finas, escassas e brilhantes.

Cabeça - pequena, larga, seca, expressiva, de perfil direito, ligeiramente ondulado, levemente convexo nos garanhões e côncavo nas éguas. A fronte é plana e larga e a face estreita. As orelhas são proporcionadas ou sejam, médias, delgadas, afiladas, móveis e implantadas baixo. Os olhos são grandes, vivos e proeminentes. As narinas são largas, finas, dilatadas, rosadas e úmidas internamente. Os maxilares afastados, musculosos, revelando energia e a garganta é leve e limpa.

Pescoço comprido, direito, piramidal e bem ligado ao tronco.

Corpo - o corpo do PSI apresenta grande variabilidade de formas de maneira que não é fácil reconhecê-lo, o que, aliás, sucede com outras raças de cavalo de origem semelhante. Só o registro do "Stud Book" pode atestar sua pureza. O corpo é longo. A cernelha é alta, seca e longa. O dorso é comprido, largo, direito e musculosos. A garupa é comprida, poderosa, não muito larga, horizontal, porém há bons corredores de garupa inclinada. As ancas são bem musculosas. A cauda é fina, alta, acompanhando a linha da garupa e balança-se durante a marcha. O peito é um pouco estreito, ainda que musculoso. O tórax é alto e profundo, com as costelas um pouco arcadas, às vezes estreitas, dando costado plano. Flanco curto, e ventre cilíndrico, pouco desenvolvido, ou esgalgado no cavalo em exercício.

Membros - os membros são alongados e finos, revelando adaptação à velocidade. Os quartos traseiros são compridos. As espáduas são longas, bem oblíquas e secas. O braço é musculoso, relativamente curto e o antebraço muito longo. O joelho é forte e largo na frente. O fêmur é longo e direito, com a sôldra baixa e um pouco para fora. As coxas e as patas são compridas. Os jarretes são altos e direitos. Os tendões são muito fortes e assinalados, e as articulações largas e incisivas. As quartelas são longas e medianamente inclinadas e os cascos médios e duros.

CARACTERÍSTICAS
O cavalo Inglês é especializado na alta velocidade, alcançando 15 a 18 metros por segundo, porém o que ganha em velocidade, perde em resistência.
Distinguem-se dele dois tipos: o "Flyer", para carreiras curtas de 800 a 2.000 m, de espáduas mais verticais e garupa mais caída, muito nervoso e mais veloz, e o "Stayer", para corridas mais longas, de 3.000 a 4.000m, mais forte, de paletas mais oblíquas, garupa horizontal, de ângulos mais abertos, menores e mais elegantes. É capaz de saltar até 2,5 m de altura e 7,5 m de vão. Geralmente corre de 1 a 3 anos, depois, ou se inutiliza ou é levado para a reprodução ou outra utilização, segundo o sexo e qualidades. Seu temperamento é extremamente nervoso. Costuma ter boca dura, gênio ruim, sendo difícil de conduzir. Goza de boa reputação como reprodutor, sendo utilizado em quase todos os países para a produção de "meio-sangue" para fins militares e esportivos, escolhendo-se para isso os reprodutores mais reforçados e harmônicos, que, em geral, não alcançam bom êxito nas corridas. Contribuiu para o melhoramento e
formação de numerosas raças, com as quais revela traços de semelhança: Pantaneiro, Quarto-de-Milha, Trakchner, Normando, etc. Em nosso país tem sido recomendado, sobretudo para a produção de cavalos do exército. Seus "meio-sangue" são também utilizados para fins desportivos, principalmente na equitação.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Appaloosa

Domados ou Selvagens, os cavalos palouses coloriam as pradarias em galopes de liberdade ou montados pelos guerreiros indígenas que orquestravam o tropel com repetidos brados.


Não por acaso que a imagem mundialmente se perpetuou da Raça Appaloosa é a do cavalo de indíos.
Nas ancas, dorso e cernelha o pincel da criação salpicou cores diferentes, distribuiu pintas escuras sobre a pelagem básica, algumas vezes carregou mais o pincel nas ancas em formato de mantas... As pelagens negra, alazã, castanha, zaina, baia, palomina, tordilha e rosilha ganharam composições como em nenhuma outra raça da espécie eqüina. Formada a partir dos cavalos introduzidos pelos colonizadores europeus na América, estes animais de plástica inigualável corriam soltos pela bacia do rio Colúmbia e seus afluentes onde foram capturados e domesticados pelos Nez Perce, índios guerreiros que habitavam o vale do rio Palouse, uma região dominada pelos colonizadores franceses. Os Nez Perce domavam os cavalos pintados, usando-os como meio de transporte, montaria de caça e como instrumento de guerra nas constantes batalhas com os brancos.
Ágeis, rústicos, velozes e resistentes, os cavalos pintados dos Nez Perce atraíam a atenção dos colonizadores, atribuindo-se aos franceses o nome que estes animais receberam, La Palouse, numa referência ao rio de mesmo nome, situado, hoje, no Estado do Oregon. Excepcionais para cavalgadas de longas distâncias e na travessia de regiões íngremes e áridas, o cavalo dos Nez Perce foram submetidos a uma rigorosa seleção baseada na resistência, coragem e pelagem pintada. Os indivíduos que não acentuavam estas características eram castrados - para não serem utilizados na reprodução - e utilizados apenas como animal de montaria.
A técnica de seleção, adotada há mais de 100 anos, acabou garantindo a preservação das principais características destes animais, em especial sua variada e exótica pelagem. Apesar de a autoria da primeira seleção da raça na América ser atribuída aos Nez Perce, historiadores acreditam que a origem de cavalos com a pelagem típica do moderno Appaloosa é ainda mais antiga. Pinturas rupestres encontradas na Espanha e nas famosas cavernas de Lascaux, na França, desenhadas 18 mil anos antes de Cristo, revelam figuras de cavalos com características semelhantes as do Appaloosa. Outros registros de cavalos pintados foram encontrados em pinturas chinesas datadas de 5.000 anos a.C. e em cavalos selecionados na antiga Pérsia há 1.600 anos.

Das batalhas a preservação

Na medida em que os colonizadores foram estabelecendo seus ranchos e implantando a pecuária no Oeste americano, a aptura de cavalos selvagens para utilização na lida se transformou em fator de sobrevivência.
Cobiçados pelo homem branco, os La Palouse passaram a ser motivo de disputas constantes, notadamente quando foram estabelecidas as rotas comerciais entre o Sul e o Norte, necessitando-se percorrer grandes distâncias a cavalo. Surgiam as batalhas e a vida indígena começou a sofrer grandes alterações. Em 1877, num histórico confronto entre os Nez Perce e a cavalaria americana, os La Palouse serviram de montaria de um povo inteiro numa rota de fuga que percorreu mais de dois mil quilômetros. Quando os Nez Perce se renderam em Montana - Estado americano na fronteira com o Canadá -, os cavalos que sobreviveram aos ataques foram distribuídos entre os soldados, deixados para trás ou simplesmente dispersos.
Crescia a decadência das nações indígenas, e sua reclusão em reservas a partir do início do século XX provocou a quase extinção da população eqüina, especialmente destes cavalos pintados. Espalhados pelo vasto território americano, os animais sobreviventes enfrentaram, ainda, o advento da motorização agrícola e a ramificação das ferrovias. Salvo exceções, o cavalo nos Estados Unidos foi colocado em segundo plano.
No entanto, na busca de resgatar os áureos tempos dos La Palouse e a cultura que a ele era atribuída, apaixonados por estes animais - rancheiros, criadores, descendentes dos Nez Perce e leigos - do Estado de Idaho fundaram, na década de 30, o Appaloosa Horse Club - APHC, entidade que se tinha por objetivo maior preservar a história da Raça e garantir seu desenvolvimento. Dentre estes objetivos estava a utilização do cavalo no esporte e lazer, práticas que começaram a crescer na medida em que a mecanização invadiu a zona rural. Criadores, rancheiros, profissionais do cavalo, esportistas, entidades governamentais se envolveram no movimento. Esta nova realidade foi fundamental para o renascimento do Appaloosa. Buscava-se a seleção de animais fortes, ágeis, corajosos, mas que também que tivessem nos genes a capacidade de transmissão da pelagem exótica típica da Raça. No programa de seleção estabelecido a partir dos anos 30, foram feitas infusões de sangue de cavalos das Raças Árabe, Puro-Sangue-Inglês e, predominantemente do Quarto de Milha.
Destes cruzamentos nasceu, no conceito dos americanos, um tipo de cavalo com características únicas como a pelagem pintada, os cascos rajados, a pele malhada e a esclerótica branca, ou seja, aquela membrana que reveste o globo ocular. Nas décadas seguintes os Appaloosas começaram a desenvolver aptidões para diferentes provas eqüestres, notadamente as chamadas western como Apartação, Rédeas, Laço de Bezerro, Laço em Dupla baseadas na lida dos ranchos, além de Baliza, Tambor, etc. As habilidades do Appaloosa como cavalo funcional e de esporte passaram a ser cultivadas em eventos públicos, especialmente nos rodeios, vitrine maior das competições dos rancheiros americanos.
Resgatado da quase extinção, o Appalosa rompeu as fronteiras dos Estados Unidos a partir dos anos 50, se estabelecendo em outros países e continentes, sendo selecionado atualmente no Canadá, Venezuela, Austrália, Alemanha, Itália, Espanha, Israel e Brasil. Em nosso País chegou há quase três décadas, se expandiu a partir do Estado de São Paulo e já se consagra como o segundo maior e mais importante plantel mundial.

Caracterpisticas de um Appaloosa

DESPIGMENTAÇÃO DA PELE - A pele despigmentada é uma característica importante para o Cavalo Appaloosa, sendo um indicativo básico e decisivo na Raça. Tem a aparência “mesclada”, de área pigmentada e área não pigmentada, diferente da pele cor-de-rosa. Esta pele mesclada pode ser encontrada em várias partes do corpo. Além da área ocular, focinho, pode ser encontrada na região anal, no períneo, nos genitais e úbere das fêmeas.

ESCLERÓTICA BRANCA EVIDENTE - A área ocular que rodeia a córnea, esclerótica branca, é mais evidente que em outras Raças. Nos outros animais, a esclerótica branca é visível se ocorrer movimento do globo ocular para os lados, para cima, para baixo e se a pálpebra for levantada. Essa característica é muito peculiar no Appaloosa, desde que não esteja combinada marca grande e extensa de cara (por exemplo, frente aberta e “malacara”)


CASCOS RAJADOS - Somente o animal Appaloosa terá cascos com listras verticais claras e escuras bem pronunciadas e nitidamente definidas em membros sem calçamentos. Em outras raças, as listras verticais, em geral, são resultado de um ferimento na coroa acima do casco do animal ou estão presentes em membros com calçamento.


Aprenda a identificar as características morfológicas básicas do cavalo Appaloosa


O Cavalo Appaloosa é um animal de sela, sendo desta forma útil nos trabalhos rurais, nos trabalhos com gado e também apresenta grande habilidade em velocidade a curtas distâncias.

APARÊNCIA:- animal de porte médio, expressando resistência, agilidade e tranqüilidade. Quando não está em trabalho deve conservar-se calmo, mantendo a própria força sob controle. Na posição em estaca mantém-se reunido, apoiado sobre os quatro pés, podendo partir rapidamente em qualquer direção.

PELAGEM:- admite-se que o Appaloosa possa apresentar pelagem alazã, alazã tostada, baia de alazã, palomina, baia, preta, zaina, castanha, tordilha, rosilha, lobuna, podendo ter ou não variação na pelagem.

Variações na Pelagem:

LEOPARDO - Refere-se ao animal branco com manchas ou pintas da pelagem básica em todo o corpo, inclusive na cabeça, pescoço e membros.

MANTA - Área branca sólida, geralmente sobre a região dos quartos, mas sem se limitar sobre a mesma. Na manta normalmente encontra-se pintas ou manchas da pelagem básica.

PINTAS OU MANCHAS - Pontos brancos geralmente sobre a região dos quartos, mas sem se limitar sobre a mesma, podendo apresentar-se com pintas da pelagem básica.

NEVADO - Refere-se ao animal que apresenta uma mistura de pêlos brancos e pêlos da cor básica geralmente sobre área dos quartos, podendo ser até por todo o corpo. Assemelha-se a flocos de neve caídos sobre a pelagem básica, podendo apresentar pintas da pelagem básica na mesma área.

PELE - a pele despigmentada é uma característica importante para o Cavalo Appaloosa, sendo um indicativo básico e decisivo na raça. Tem a aparência “mesclada”, de área pigmentada e área não pigmentada, diferente da pele cor-de-rosa. Esta pele mesclada pode ser encontrada em várias partes do corpo. Além da área ocular, focinho, pode ser encontrada na região anal, no períneo, nos genitais e úbere das fêmeas.

ANDAMENTO:- harmonioso em reta, natural, baixo. O pé é levantado livremente e recolocado de uma só vez no solo, constituindo-se no trote de campo.

ALTURA:- São animais cuja altura média é de 1,50 m.

PESO:- 500 kg, em média.

CABEÇA:- pequena e leve, com fronte ampla e de perfil retilíneo. As faces, também denominadas ganachas, são cheias, grandes e muito musculosas. Vistas de lado são chatas, discretamente convexas e abertas de dentro para fora quando vistas de frente, o que proporciona serem bem mais largas que a garganta. Desta forma, a flexão da cabeça é muito acentuada, permitindo grande obediência às rédeas. Em posição normal, a cabeça deve ligar-se ao pescoço em ângulo de 45°.

ORELHAS:- pequenas, alertas, bem distanciadas entre si, e com boa movimentação.

OLHOS:- grandes e devido ao fato da fronte ser ampla, bem afastados entre si permitindo um amplo campo visual, tanto para a frente como para traz, ao mesmo tempo, com o mesmo olho. A área ocular que rodeia a córnea, esclerótica branca, é mais evidente que em outras Raças. Nos outros animais, a esclerótica branca é visível se ocorrer movimento do globo ocular para os lados, para cima, para baixo e se a pálpebra for levantada. Essa característica é muito peculiar no Appaloosa, desde que não esteja combinada marca grande e extensa de cara (por exemplo, frente aberta e “malacara”).

NARINAS:- grandes.

BOCA:- pouco profunda, permitindo grande sensibilidade às embocaduras.

FOCINHO:- pequeno.

GARGANTA:- estreita, permitindo grande obediência às rédeas.

PESCOÇO:- comprimento médio e de forma piramidal, sem desvios de bordos, seja inferiores ou superiores. Deve-se inserir-se no tronco em ângulo de 45° , porém, bem destacado do mesmo. Somente a junção entre o pescoço e a cernelha deve ser gradual. A musculatura é bem pronunciada, tanto visto de lado, como de cima. As fêmeas têm pescoço proporcionalmente mais longo, garganta mais estreita e desenvolvimento muscular menor. O Appaloosa, quando em trabalho, mantém a cabeça baixa, podendo assim usá-la melhor, e permitindo ao cavaleiro uma perfeita visão sobre ela.

TRONCO:- da cernelha ao lombo, deve ser curto e bem musculado, não “selado” especialmente nos animais de lida. Isto permite mudanças rápidas de direção e grande resistência ao peso do cavaleiro e arreamentos. De perfil, é aceitável o declive gradual de 50 a 80° da garupa a base da cernelha. O vértice da cernelha e a junção do lombo com a garupa devem estar aproximadamente no mesmo nível.

CERNELHA:- bem definida, de altura e espessura média.

DORSO:- bem musculado, ao lado das vértebras e, visto de perfil, com discreta inclinação de traz para frente. Tendo aparência semi-chata, o arreamento comum deve cobrir toda essa área.

LOMBO:- curto, com musculatura acentuadamente forte.

GARUPA:- longa, discretamente inclinada, para permitir ao animal manter os posteriores normalmente embaixo da massa corpórea (engajamento natural).

PEITO:- profundo e amplo. O peito visto de perfil, deve ultrapassar nitidamente a linha dos antebraços, estreitando-se porém no ponto superior da curvatura, de forma a diferenciar-se nitidamente do pescoço. Vista de frente, a interaxila tem forma de “V” invertido, devido a desenvolvida musculatura dos braços e antebraços.

TÓRAX:- amplo, com costelas largas, próximas, inclinada e elásticas. O cilhadouro deve ser bem mais baixo que o codilho.

MEMBROS ANTERIORES

ESPÁDUA:- deve ter ângulo de aproximadamente 45° , denotando equilíbrio e permitindo a absorção dos choques transmitidos pelos membros.

BRAÇOS:- musculosos, interna e externamente.

ANTEBRAÇOS:- o prolongamento da musculatura interna dos braços proporciona ao bordo inferior do peito, quando visto de frente, a forma de “V” invertido, dando ao cavalo aparência atlética e saudável. Externamente a musculatura do antebraço também é pronunciada, o comprimento do antebraço é um terço a um quarto maior que a canela.

JOELHOS:- vistos de frente são cheios, grandes e redondos; vistos de perfil, retos e sem desvios.

CANELAS:- não muito curtas. Vistas de lado, são chatas, seguindo o prumo do joelho ao boleto; vista de frente igualmente sem desvios.

QUARTELAS:- de comprimento médio, formato aproximadamente semi circular com talões bem afastados, sem desvios.

CASCOS:- de tamanho médio, formato aproximadamente semi circular, com talões bem afastados, sem desvios. Somente o animal Appaloosa terá cascos com listras verticais claras e escuras bem pronunciadas e nitidamente definidas em membros sem calçamentos. Em outras raças, as listras verticais, em geral, são resultado de um ferimento na coroa acima do casco do animal ou estão presentes em membros com calçamento.


MEMBROS POSTERIORES

COXAS:- longas, largas, planas, poderosas, bem conformadas, fortemente musculadas, mais largas que a garupa.

SOLDRA:- recoberta por musculatura bem destacada, poderosa.

PERNAS:- muito musculosas. Essencialmente importante é o desenvolvimento muscular homogêneo, tanto interna quanto externamente.

JARRETES:- baixos. Por traz, são largos, limpos aprumados; de perfil, largos, poderosos estendendo-se em reta até os boletos.

CANELAS:- mais largas, discretamente mais longas e mais grossas que as anteriores. De lado, são chatas, são convenientes canelas mais curtas, tornando o jarrete mais próximo ao solo, permitindo voltas rápidas e paradas curtas.

QUARTELAS:- discretamente mais fortes que as anteriores, porém com a mesma inclinação.

CASCOS:- menores que os anteriores, oblongos. Somente o animal Appaloosa terá cascos com listras verticais claras e escuras bem pronunciadas e nitidamente definidas em membros sem calçamentos. Em outras raças, as listras verticais, em geral, são resultado de um ferimento na coroa acima do casco do animal ou estão presentes em membros com calçamento.

CAUDA:- medianamente inserida, elegante com pêlos grossos. Podem, por ventura, apresentar-se mais ralas que as outras Raças.

Obviamente, toda a estrutura, o arranjo, bem como o desenvolvimento ósseo e muscular do animal devem ser levados em consideração. Ainda assim, atenção especial deve ser dada ao trem posterior, uma vez que dele dependem basicamente os atributos peculiares do Appaloosa:- partida rápida, velocidade, paradas curtas e voltas rápidas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Crioulo

O Cavalo Crioulo


O cavalo crioulo da América Latina é o descente direto dos cavalos importados do Novo Mundo, desde Cristóvão Colombo, pelos conquistadores espanhóis durante o século XVI, mais particularmente por Don Pedro de Mendoza, fundador da Vila de Buenos Aires em 1535.
Um grande número destes cavalos de guerra fugiu ou foram abandonados para se tornarem, rapidamente, em cavalos selvagens, num ambiente ideal para o seu desenvolvimento. São os cavalos espanhóis (particularmente os Andalusos), portugueses e árabes que transmitiram seu sangue e suas principais características morfológicas da raça crioula.
Durante quatro séculos, a raça crioula se adaptara ao meio ambiente das grandes planícies sul americanas para sofrer uma severa seleção natural. Esta adaptação às condições de vida do meio ambiente, permitiu o desenvolvimento de sua grande qualidade, a resistência às enfermidades e a sobrevivência.
No início os índios, mais tarde os gaúchos, fizeram do crioulo o seu meio de transporte, seu companheiro de caça ou de trabalho e seu camarada de lazer. Desde então, o crioulo passou a ser o cavalo do gaúcho para o seu trabalho e o seu sustento.
Sua resistência fez o orgulho dos criadores que organizavam provas com distâncias de 750 quilometros, que tinham que ser percorridas em quatorze dias. Os cavalos eram pesadamente carregados (110 quilos para o ginete e sua sela) e tinham que alimentar-se unicamente com o pasto encontrado na região percorrida. O animal vencedor era aquele que terminava a prova sem ter sido parado pelos juízes ou veterinários, ter levemente emagrecido, porém ter permanecido fogoso como no dia da partida.
No final do século XIX, a introdução de machos europeus ou da América do Norte degenerou a raça. Uma seleção rigorosa, feita por alguns criadores apaixonados, permitiu a reconstituição da raça que foi admitida no “stud-book” argentino, em 1918.
Hoje, em quase todos os países da América do Sul, as raças descentes do crioulo são criadas e protegidas.


Características da Raça

Caráter: É um animal compacto, robusto e inteligente. Apresenta a cabeca curta e larga, afilando-se em forma de cone, focinho saliente, face reta com olhos expressivos afastados lateralmente, orelhas curtas empinadas. O pescoço é musculoso, inserido em espáduas fortes e profundas, com peito largo. O dorso é curto, com costelas bastante elásticas e lombo bastante poderoso. A garupa é arredondada e musculosa. As pernas são curtas, com ossatura excedente, quartelas curtas, com patas pequenas e duras.

A América do Sul produz uma das raças de cavalo mais vigorosas do mundo - o pequeno Crioulo, montaria dos gaúchos das grandes criações que se estendem na parte central do continente. Este parece, com pequenas variações na estatura e no requinte do tipo, como o Crioulo da Argentina e do Uruguai, o Crioulo do Brasil, os tipos Costeño e Morochuco do Peru, o Caballo Chileno do Chile e o Llanero da Venezuela. Embora alguns destes tipos sejam atualmente bastante diferenciados do tipo Crioulo básico, todos descendem da mesma criação espanhola importada pelos conquistadores do sécu8lo XVI. Os requintes da raça são devidos às variações de temperatura e da qualidade das pastagens, por serem criados nas colinas ou nas planícies e pela criação seletiva visando a qualidades particulares de acordo com as exigências locais.
O Sangue básico vem do Andaluz, do Berbere e do Árabe. Seu porte pequeno e seu vigor são devidos a
uma rigorosa seleção natural de aproximadamente 300 anos, em cujo período rebanhos de Crioulos se tornaram selvagens ou semi-selvagens nas planícies. Muitos afirmam que a curiosa distribuição de cores ruiva e do tipo baio, exclusiva do Crioulo, evoluiu como uma colocaração que serve de proteção natural.
Especialmente na Argentina, o povo tem grande orgulho da resistência do Crioulo, e são mantidos testes de resistência para selecionar os melhores para a procriação. Uma prova anual é realizada pelos criadores, na qual os cavalos devem cobrir uma distância de 752 km em quinze dias, carregando uma carga de 110 kg, sem nada para comer ou beber, exceto aqueles alimentos que eles mesmos possam encontrar pelo caminho durante o descanso.

PADRÃO DA RAÇA

1. CABEÇA
PERFIL: sub-convexo; retilíneo; sub-côncavo
COMPRIMENTO: curta
GANACHA: delineada; forte e moderadamente afastada
LARGURA: Fronte – larga e bem desenvolvida
                    Chanfro - largo e curto
ORELHAS: afastadas; curtas; bem inseridas; com mobilidade
OLHOS: proeminência; vivacidade

2. PESCOÇO
INSERÇÕES:  Cabeça – limpa e resistente;
                         Tórax – rigorosamente apoiada no peito
BORDO SUPERIOR: sub-convexo; crinas grossas e abundantes
BORDO INFERIOR: retilíneo
LARGURA: amplo; forte; musculoso
COMPRIMENTO: mediano

3. LINHA SUPERIOR
CERNELHA: destaque moderado; musculosa
DORSO: mediano; musculoso; bem unido a cernelha e ao lombo
LOMBO: musculoso; unindo suavemente o dorso e a garupa
GARUPA: moderadamente larga e comprida; levemente inclinada proporcionando boa descida muscular para os posteriores
COLA: com a inserção dando uma perfeita continuidade à linha superior da garupa. Sabugo curto e grosso, com crinas grossas e abundantes.

4. TÓRAX, VENTRE E FLANCO
PEITO: amplo; largo; profundo; encontros bem separados e musculosos
PALETAS: inclinação mediana; comprimento mediano; musculosas, caracterizando encontros bem separados
COSTELAS: arqueadas e profundas
VENTRE: sub–convexo, com razoável volume; perfeitamente unido ao tórax e flanco
FLANCO: curto; cheio; unindo harmonicamente o ventre ao posterior

5. MEMBROS ANTERIORES E POSTERIORES
BRAÇOS E COTOVELOS: musculosos; braços inclinados; com cotovelos afastados do tórax
ANTEBRAÇOS: musculosos; aprumados; afinando-se até o joelho
JOELHOS: fortes, nítidos, no eixo
CANELAS: curtas, com tendões fortes e definidos; aprumadas
BOLETOS: secos, arredondados, fortes e nítidos; machinhos na parte posterior
QUARTELAS: de comprimento médio; fortes, espessas, nítidas e medianamente inclinadas
CASCOS: de volume proporcional ao corpo, duros, densos, sólidos, aprumados e medianamente inclinados. De preferência, pretos
QUARTOS: musculosos, com nádegas profundas. Pernas moderadamente amplas e, musculosas interna e externamente
GARRÕES: amplos, fortes, secos. Paralelos ao plano mediano do corpo, com ângulo anterior medianamente aberto

Peso oscilará entre 400 (quatrocentos) e 450 (quatrocentos e cinquenta) quilos.

Pelagem
Confira algumas especificações de pelagens:

Baia
É a pelagem creme amarelada, com brilho e muitos matizes diferentes sobre a original. Se diz que tem a cor do trigo maduro.

Colorada
Pelagem de capa e pelos vermelhos , podendo ter um pouco de matiz amarelo e alguns pelos pretos.

Gateada
Capa com predominância do amarelo, com tonalidade mais escura que o baio. O gateado típico apresenta uma linha escura que vai da cernelha à garupa. Pelagem com muitas variações.

Lobuna
Variação do gateado, com o pigmento preto modificando a cor do pelo pardo amarelado para o cinza chumbo do lobuno. Também apresenta uma linha escura da cernelha até a cola.

Moura
Pelagem de capa preta com difusão de pelos brancos , deve ter a cabeça, patas, crinas e cola negras, mostrando sua base preta.

Oveira
Pelagem básica com manchas brancas assimétricas, espalhadas por todo o corpo do animal

Picaça
Pelagem de base preta com partes significativas de branco, isto é, mancha branca na cabeça e, no mínimo, uma das patas também branca

Preta
Pelagem toda preta, com pele e pelos pretos, podendo ter pequena estrela na cabeça.

Rosilha
Pelagem de capa avermelhada com mistura de pelos brancos, disseminados sem condensar-se em nenhuma mancha específica.

Tobiana
Qualquer pelagem que tenha manchas completamente brancas, pele e pelos brancos, de diferentes formatos e bordas bem definidas.

Tordilha
Pelagem entremeada de pelos brancos e pretos que com o passar do tempo tende a embranquecer. Diferente do mouro, tem pelos brancos na cola, patas, crinas e cabeça.

Tostada
Pelagem um pouco mais escura que a alazã, amarelo muito escuro, puxando para o vermelho, ou a cor do café torrado.Sem mistura de pelos pretos.

Zaina
Pelagem marrom avermelhada escura, ou tostada com entremeios de pelos pretos.