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sábado, 5 de junho de 2010

Manejo Nutricional

ALIMENTAÇÃO DE ÉGUAS RECEPTORAS

Uma das principais causas de infertilidade das éguas reprodutoras está ligada aos desequilíbrios nutricionais. Cerca de 80% dos problemas de infertilidade, de uma forma ou de outra, podem ser atribuídos a uma alimentação desequilibrada.
Uma alimentação equilibrada permite a uma égua receptora estar com status corporal ótimo, nem obesa, nem magra em demasia, de forma que seu ciclo estral seja bem definido, com boa formação de corpo lúteo que lhe permitirá manter uma gestação com bom desenvolvimento embrionário e fetal. Mas, antes de tudo, uma boa alimentação de receptoras no período que antecede a concepção, lhe permitirá entrar no cio regularmente e mesmo responder a uma terapia hormonal de forma eficaz, fator preponderante em uma transferência de embrião.
A regulagem do sistema hormonal e o bom funcionamento do sistema reprodutivo de uma égua receptora (assim como de todos os sistemas do organismo) dependem fundamentalmente de um equilíbrio nutricional proporcionado a estas éguas durante toda sua vida reprodutiva.
O fornecimento de quantidade adequada e equilibrada de proteína, energia, vitaminas e minerais, mesmo para um animal em manutenção, é fundamental para que a égua tenha um bom desempenho reprodutivo.
As necessidades de uma égua reprodutora vazia e até o 8º mês de gestação são semelhantes às necessidades de um animal em manutenção, isto é, energia baixa, de 16,4 mcal por dia (animal de 500 kg de peso), proteína bruta de 820 g por dia, mas de excelente qualidade com boa quantidade de aminoácidos disponíveis e quantidades mínimas, mas suficientes, de vitaminas e minerais, estes mais do que essenciais ao bom funcionamento hormonal e fisiológico de qualquer organismo. Isso é facilmente obtido com uma pastagem de boa qualidade e uma boa suplementação com sal mineral específico para eqüinos e, eventualmente, uma suplementação com ração de boa qualidade.
Porém, na prática, não é isso o que observamos. Como é necessária uma quantidade muito elevada de éguas para um programa de transferência de embriões, e para facilitar o manejo estas devem ficar próximas do local onde será efetuado o processo, em geral os proprietários mantêm estas éguas em uma pastagem de baixa qualidade, superlotadas, muitas vezes com quantidades de alimento aquém das necessidades mínimas do plantel. E para piorar, eles “suplementam” com um farelinho de trigo e eventualmente misturado a um rolão de milho ou quirera, ou ainda com ração de baixíssima qualidade, para baratear os custos. Isto acarreta um grave desequilíbrio nutricional que certamente prejudicará todo o processo de transferência de embriões.
Temos então a chamada “economia burra”, onde economizamos por um lado e gastamos muito mais por outro, afinal serão necessários mais coletas e transferências para o sucesso de um embrião transplantado.
O grande erro que se comete é pensar que estes animais, por serem éguas de descarte de outros plantéis, de serem de baixo valor zootécnico, não devem ser bem tratados. Enquanto a égua doadora, grande campeã da raça, de alto valor financeiro e zootécnico recebe ração de primeiríssima qualidade em grande quantidade, capim e feno do melhor, além de diversos suplementos, a receptora recebe o que há de pior na propriedade, ficando com os piores pastos e a pior suplementação.
A realidade deveria ser justamente o contrário. Uma égua doadora, se não está em campanha esportiva, tem necessidades muito menores do que a receptora, afinal de contas, ela deve simplesmente estar em estado nutricional de manutenção o tempo todo, apenas para gerar o embrião, com uma alimentação simples e equilibrada.
Quando falamos de alimentar uma égua em reprodução, jamais devemos pensar no animal em si, de sua qualidade e potencial genético, de sua campanha e de sua performance em pista, devemos sim pensar em quais são suas reais necessidades nutricionais.
As necessidades diferenciais de uma égua reprodutora são totalmente voltadas para o produto que ela carregará em seu ventre, afinal de contas, para ela, o mínimo para manutenção é suficiente. Mas, a partir do momento em que ela carrega um potro em seu ventre, este possui necessidades específicas que devem ser adicionadas à alimentação da égua para que o potro possa se desenvolver corretamente, necessidades estas que devem ser supridas por toda a gestação até o desmame do potro.
Um dos maiores riscos do sucesso da Transferência de Embrião está na alimentação de éguas receptoras, muito negligenciada pela grande maioria dos plantéis brasileiros.
André Cintra


ALIMENTAÇÃO DE ÉGUAS GESTANTES


Considerações Gerais:
A má nutrição é um dos maiores responsáveis pela infertilidade da égua.
Sua importância é notadamente subestimada.
Quando a alimentação é deficitária, podem ocorrer problemas na ovulação (cio não fértil), na nidação (fixação do embrião no útero) e na gestação, e mesmo na viabilidade do feto.
No momento que a má nutrição é grave e extensa, ocorrem abortos (que predispõe a complicações infecciosas que comprometem a fertilidade) ou simplesmente o nascimento de prematuros, ou mesmo, de potros fracos, pouco resistentes, que ficam sujeitos a natimortalidade.
Para prevenir a infertilidade de origem nutricional, a dificuldade prática reside na detecção do erro no arraçoamento, onde devemos adequar os aportes protéicos, minerais e vitamínicos conforme as necessidades do animal.

Nível Alimentar:
De um modo geral, a égua reprodutora é exposta a uma superalimentação no final da gestação e a uma subalimentação no início da lactação.
A superalimentação no final de gestação é freqüente mesmo se o apetite for débil. As necessidades energéticas da gestação são moderadas, pois a égua se beneficia do “anabolismo da gestação”, que se caracteriza por uma melhora no rendimento alimentar graças às secreções hormonais, favoráveis ao anabolismo.
A subalimentação no início da lactação procede de um aumento das necessidades energéticas relacionado à produção leiteira. Ela induz a um emagrecimento mais acentuado quanto mais gorda estiver a égua no momento do parto e quanto mais ascendente for produção de leite.
O déficit energético provoca uma hipoglicemia que origina uma inatividade ovariana (anestro) e retardamento da fecundação (de pelo menos um mês).

Primeira Fase de Gestação (1o. ao 8o. mês)
Após a fecundação, a égua deve manter seu peso, ou mesmo engordar se estiver muito magra. Nesta fase, ocorre um crescimento de cerca de 1/3 do tamanho do feto. As necessidades da mãe são ligeiramente superiores às de manutenção.
Um volumoso de ótima qualidade, mineralização adequada e um mínimo de concentrado de qualidade são suficientes para suprir suas necessidades nessa fase.

Segunda fase de Gestação (9o. ao 11o. mês)
Nesta fase ocorre um aumento muito grande das necessidades nutricionais da égua.
Há um crescimento de 2/3 do tamanho do feto neste período.
A alimentação fetal é prioritária em relação à mãe, inversamente do que ocorre no início da gestação. Está sendo definido todo o “futuro potencial” do potro, isto é, todo o potencial de crescimento do potro.
Nesta fase também, a égua deve adquirir uma Reserva Corpórea, para que, no início da Lactação não ocorra uma perda excessiva de peso, devido às elevadas necessidades energéticas desta fase.
Uma égua deve ganhar aproximadamente 13% de seu peso durante a gestação, sendo 10% nesta fase.

Superalimentação:
Devemos ter cuidados com uma superalimentação que pode acarretar problemas graves e importantes, devido ao excesso de gordura da mãe e do feto, como dificuldades no parto e diversas complicações associadas (retenção de placenta, metrite) e nascimento de um potro frágil que sofreu durante o parto.

Equilíbrio Alimentar:
Um bom estado corporal da égua no momento do parto é uma garantia do nascimento de um potro saudável e com ótimo desenvolvimento pós-natal.

Uma complementação concentrada adequada no final da gestação possui vantagens como:

Ø Compensar a queda de apetite momentos antes do parto, permitindo a manutenção do bom estado corporal.

Ø Estimular o desenvolvimento fetal, assegurando o nascimento de um potro saudável com maturidade.

Ø Ativar a produção de imunoglobulinas (anticorpos) para a produção de um colostro de excelente qualidade, que promova ótima proteção antiinfecciosa.

Ø Promover alta produção leiteira favorável ao crescimento inicial do potro.

André Cintra

ALIMENTAÇÃO DE ÉGUAS EM LACTAÇÃO
Início da Lactação (1o. ao 3o. mês)

As necessidades energéticas no início da lactação são muito superiores às do período de gestação. Elas vão praticamente dobrar em um ou dois meses.
Um bom arraçoamento quantitativo, continuamente bem adaptado ao estado fisiológico e ao nível de produção leiteira permite manter um peso corporal próximo do ótimo, beneficiando ao mesmo tempo a secreção láctea da égua e a sua fertilidade.
Paralelamente às necessidades quantitativas, é fundamental considerar as necessidades qualitativas em proteínas, minerais e vitaminas, pois as reservas são muito modestas e as carências muito freqüentes.
Nesta fase são utilizadas as Reservas Corpóreas da gestação.
As éguas de raças médias (Mangalarga, Quarto de Milha, Campolina, PSI, etc.) produzem em média, no pico da lactação, 17 litros de leite por dia, enquanto que as raças de tração pesada (Bretão , Percheron) chegam a 25 litros diários. Desta alta produção leiteira, vêm as elevadas necessidades energéticas desta fase.
A suplementação com concentrados se faz necessária, pois, além de tudo, a égua pode estar prenhe nesta fase.
Portanto a égua tem tripla função: Manutenção, Lactação e Nova Gestação.

Final da Lactação (4o. ao 6o. mês)
As necessidades da égua caem drasticamente, pouco acima das necessidades de manutenção. Neste período a produção leiteira reduz-se quase que à metade do início da lactação e o potro já está se alimentando de capim ou feno que suprem parte de suas necessidades.
Através de uma suplementação de concentrado e volumoso adequada, este potro já pode ser desmamado sem prejuízo para seu crescimento e desenvolvimento, deixando a égua livre para manter-se e levar a termo uma nova gestação (que já deve estar ao redor de 4-5 meses).
O desmame do potro pode ser feito a partir dos 4 meses de idade sem prejuízo para seu crescimento e desenvolvimento desde que ele seja bem alimentado. O critério ideal para definir o momento da desmama deve ser o tamanho do potro. Se o potro tiver que dobrar acentuadamente os membros anteriores para mamar, é sinal de que ele pode ser desmamado. Se ele não for desmamado neste momento, podem ocorrer desvios nos aprumos deste potro.

Conclusão
A égua reprodutora tem 03 grandes variações das necessidades alimentares no decorrer de seu ciclo reprodutivo.
Necessidades pouco superiores à manutenção no início da gestação e no final da lactação, necessidades especialmente protéicas no final da gestação e necessidades muito acentuadas, especialmente energéticas, no início da lactação. O fornecimento de minerais por todo o período de gestação/lactação é fundamental para o bom crescimento do esqueleto do potro.
De qualquer modo, é importante ressaltar que tais necessidades, sempre acompanhadas de um aporte mineral e vitamínico adequado, somente podem ser conseguidas com uma complementação de concentrados, pois a capacidade de ingestão de volumoso que a égua possui, não supre de maneira adequada às necessidades nestas fases de vida reprodutiva.
Se no período final da gestação o animal estiver em um estado ótimo, proporcionará uma melhor maturidade do feto, maior qualidade do colostro, aumento na produção leiteira e da atividade ovariana, favorecendo uma nova gestação.
Por outro lado, se no terço final da gestação houver ganho de peso em excesso, proporcionará, no momento do parto, uma perda excessiva de peso, dificuldade no parto, ocasionado o nascimento de um potro frágil e queda na produção leiteira, com conseqüente prejuízo reprodutivo subseqüente.
André Cintra